Segundo um estudo de opinião da Marktest Angola, 72% da população da capital angolana considera que o estado de emergência deve ser prorrogado “porque a pandemia pode piorar e é grave porque os casos estão a aumentar”.

Mais de um terço da população, diz o estudo, refere que com a promulgação do estado de emergência “se evita melhor a doença”.

O estudo teve como suporte 324 entrevistas realizadas entre 19 e 21 de maio de 2020.

Para conter a propagação da COVID-19 no país, o Presidente angolano, João Lourenço, decretou estado de emergência que durou entre 27 de março e 25 de maio.

Angola, que vive desde 26 de maio situação de calamidade pública, conta com 396 casos positivos, sendo 257 ativos, 117 recuperados e 22 mortos.

Mais de cem de casos positivos em Angola, sobretudo em Luanda, estão com “vínculo epidemiológico por identificar”.

Luanda, foco da pandemia, e o município do Cazengo, província do Cuanza Norte, são as únicas localidades angolanas com casos positivos.

De acordo com o estudo da Marktest Angola, 28% dos inquiridos referem que o estado de emergência não deve ser promulgado por dificultar a vida dos estudantes e de quem trabalha (48%), por problemas financeiros (38%) e a escassez de comida no comércio (27%).

Em relação à atuação do Governo, Ministério da Saúde e Forças de Defesa e Segurança face à pandemia provocada pelo novo coronavírus, os luandenses, segundo a análise, dizem que “é bastante positiva para qualquer uma delas”.

Grande parte da população de Luanda (cerca de 83%) aplaude as ações do Ministério da Saúde por estar a “proceder bem e muito bem”, nota similar atribuída ao Governo por 79% da população e às Forças de Defesa e Segurança por 66% da população.

Hábitos de higiene, como lavar as mãos, limpar mais a casa e descalçar os sapatos antes de entrar em casa aumentaram gradualmente até aos 89%, entre maio e abril, observa-se no estudo

O recurso às notícias pela televisão e rádio também aumentou neste período.

A pesquisa realça que o medo de ser contaminado pela COVID-19 (47%) e a falta de alimentos (17%) “continuam a ser as duas situações que melhor traduzem o receio” dos cidadãos em Luanda.

Na capital angolana, os cidadãos temem igualmente que o Sistema Nacional de Saúde não tenha capacidade de responder à pandemia.

O estudo da Marktest Angola, empresa especializada em estudos de mercado e sondagens de opinião, foi apresentado hoje, em Luanda, pela plataforma zoom.

A pandemia já provocou mais de 549 mil mortos e infetou mais de 12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.