A norma da DGS para Reconfiguração dos Cuidados de Saúde na Área da Oncologia, datada de quinta-feira, estipula que “as unidades hospitalares dedicadas exclusivamente à Doença Oncológica (Instituto Português de Oncologia) não devem prestar cuidados a doentes com suspeita ou confirmação de covid-19” e as unidades de saúde que prestem cuidados a doentes oncológicos “devem ter um circuito de doentes separado fisicamente da restante atividade assistencial”.
Mesmo assintomáticos, devem ser testados para a infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, todos os doentes oncológicos que iniciem quimioterapia, antes de cada administração de quimioterapia, antes e durante a radioterapia e antes da admissão para cirurgia, que pode ser adiada, tal como os demais tratamentos, de acordo com a DGS.
“Nos casos em que o tratamento cirúrgico não possa ser adiado, o doente oncológico deve ser submetido ao procedimento cirúrgico em unidades hospitalares com circuitos específicos para doentes covid-19”, recomenda a DGS.
Antes disso, os doentes oncológicos com infeção confirmada e indicação para tratamento cirúrgico devem “ser submetidos a uma avaliação de risco/beneficio relativamente ao eventual adiamento do tratamento cirúrgico”.
A DGS criou uma “metodologia de priorização” relativamente às cirurgias, decidindo que as Administrações Regionais de Saúde “devem reorganizar as respostas regionais e locais da rede cirúrgica, mantendo a separação dos doentes oncológicos face aos restantes” e “por forma a separar os doentes suspeitos de covid-19 face aos restantes”.
Quanto à quimioterapia, “doentes oncológicos com infeção confirmada devem suspender o tratamento até resolução da infeção”.
A radioterapia deve ser adiada e, em caso de impossibilidade, “os doentes devem ser referenciados para unidades hospitalares capacitadas para o tratamento de doentes covid-19” com serviços de radioterapia.
Caso o tratamento de radioterapia já tenha sido iniciado, deve ser mantido se o doente apresentar “estabilidade clínica” e se as sessões puderem ser feitas com “separação física no acesso ao serviço para doentes covid-19 face aos restantes”.
Deve também haver uma “alocação especifica de horários, dispositivos e equipamentos de radioterapia para doentes covid-19”.
De acordo com a DGS, a criação de um circuito que separe os cuidados a doentes oncológicos da restante atividade pode ser feita através num “edifício hospitalar separado” ou da “transferência interinstitucional”.
Para a DGS, esta reorganização dos serviços de saúde “deve permitir uma diminuição do número de vezes que o doente oncológico se desloca às unidades de saúde, sem comprometer a segurança clínica”.
“Todos os doentes oncológicos devem fazer autovigilância dos sintomas (febre, tosse e dificuldade respiratória) antes de aceder a qualquer unidade de saúde, de forma a informar atempadamente a equipa de profissionais de saúde”, diz a DGS.
“As unidades de saúde onde são prestados cuidados a doentes oncológicos devem ser isoladas daquelas que prestam cuidados assistenciais a doentes não oncológicos, com implementação de medidas reforçadas de rastreio e monitorização de infeção por SARS-CoV2, para minimizar o risco de infeção cruzada em ambiente de cuidados de saúde”, afirma.
Em 23 de março, a diretora-geral da Saúde revelou que os três institutos portugueses de oncologia (IPO) estão dispensados receber doentes com covid-19 e vão tratar doentes oncológicos de outros hospitais.
Em Portugal, segundo o balanço feito na quinta-feira pela DGS, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na véspera (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação a quarta-feira (+9,5%).
Com os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até ao final do dia 17 de abril.
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