“Temos de estar abertos a que se tenha de fazer um novo plano, porque o dinamismo da situação a isso obriga. Tenho a abertura para isso, mas também não podemos fazer permanentemente um novo plano quando muda a disponibilidade de vacinas. Tem de ser um plano dinâmico e adaptativo à mudança”, afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, numa audição na Comissão de Saúde, na Assembleia da República.

Em resposta às questões dos deputados, o responsável pelo processo de vacinação – que assumiu funções no início de fevereiro, depois de substituir Francisco Ramos no cargo – assumiu ainda estar mais concentrado na concretização dos objetivos – “salvar vidas, ganhar resiliência na resposta do Estado e libertar a economia e a sociedade” – do que nas diferentes fases concebidas para o plano.

“Olho mais para os objetivos do que para as fases. A gestão do plano deve olhar para tentar atingir os objetivos mais importantes primeiro, daí a concentração de esforços neste momento em salvar vidas”, notou, em alusão à atual concentração das vacinas disponíveis na população nacional com mais de 80 anos.

Contudo, Henrique Gouveia e Melo fez questão de assegurar a existência de uma relação positiva com a Direção-Geral da Saúde e a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para o processo de vacinação.

“Andam a fazer o trabalho em pressão. Não estou a sentir da parte deles nenhuma resistência. Claro que, enquanto militar, estou a criar uma grande pressão para as respostas serem rápidas, mas a resposta tem sido objetiva”, frisou, acrescentando: “Se as prioridades não estiverem bem definidas, temos um problema de prioridades. Temos de ser permanentemente eficazes e flexíveis”.

Nesse sentido, reiterou a necessidade de clarificação sobre um eventual alargamento do período de toma das duas doses da vacina, uma vez que isso tem relação com uma possível obtenção mais precoce da imunidade de grupo.

“Quanto mais tempo demorarmos a alargar o prazo [entre as duas tomas], mais demoramos a antecipar a vacinação de pessoas”, reforçou.

Com a compra prevista por Portugal de 22 milhões de doses de vacinas, num montante global de cerca de 200 milhões de euros, Henrique Gouveia e Melo defendeu que o país deve “adquirir o máximo de vacinas possíveis”, embora tenha lembrado que o “processo de negociação de vacinas é macroeuropeu” e que esse aspeto não faz parte da sua missão.

“Quanto mais rapidamente atacarmos esta pandemia, melhor. Todas as vacinas são úteis e quantas mais houver disponíveis, melhor”, observou, sem deixar de salientar: “Não tenho poder nem faz parte das minhas funções discutir se é ou não a melhor forma de o fazer. O que tenho como missão é: perante as vacinas que chegam ao território nacional, não deixar as vacinas armazenadas a perder oportunidade de salvar vidas. Essa é a minha grande função”.

Em Portugal, morreram 16.086 pessoas dos 799.106 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.