Os dados atualizados foram divulgados hoje pela comissão interministerial responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19, que deu conta da segunda fase do processo de inoculação, que começou esta semana.

A porta-voz da comissão interministerial, Danina Coelho, disse que entre 10 e 13 de maio, inclusive, foram administradas em Díli 9.728 vacinas, 46% para pessoas com mais de 60 anos, com comorbidade ou trabalhadores da linha da frente.

Em média foram administradas diariamente 2.432 vacinas, com o maior número a registar-se no dia 12 de maio, quando foram inoculadas com a primeira dose 3.362 pessoas.

Questionada pela Lusa, Danina Coelho admitiu que, em abril, no arranque da vacinação, as equipas de saúde enfrentaram “mais receio e apreensão” da parte da comunidade que reagiu com “alguma resistência” a ser vacinados.

“Por isso, nesta fase de implementação, envolvemos mais pessoas a trabalhar diretamente com as comunidades locais, incluindo chefes de aldeia e de suco, para levar a vacinação aos sucos”, disse.

“Estamos a ver mais pessoas a acorrer à vacinação e estamos a permitir vacinar mais pessoas. O objetivo era atingir as 2.400 vacinas por dia, mas nos últimos dois dias conseguimos vacinar 3.300 pessoas”, sublinhou.

Questionada sobre eventuais casos de efeitos adversos à vacina da AstraZeneca, a única a ser utilizada em Timor-leste, Danina Coelho disse que não há, até agora, registo de “efeitos adversos significativos” entre as pessoas que receberam a primeira dose.

Referiu-se ainda a um caso de um homem que foi vacinado e que no dia seguinte teve um acidente vascular cerebral, explicando que se tratou de uma “coincidência”.

“O caso foi medicamente esclarecido. Era um doente que já sofria de diabetes, hipertensão e que tinha problemas cardiovasculares. Não esteve relacionado com a vacina”, explicou.

A diretora da Saúde no municio de Díli, Agostinha da Costa Saldanha, explicou que esta semana o programa de vacinação chegou a 10 centros de saúde, mais de 40 instituições públicas e privadas, entre eles mercados, centros comerciais e outros locais.

Na prisão de Becora, onde um surto registou já mais de 140 casos positivos e um óbito, foram dadas cerca de 200 doses da vacina.

As vacinas dadas esta semana somam-se às 15.835 pessoas que já tinham sido inoculadas em abril, para um total de 25.563 pessoas na capital que já receberam a primeira dose da c.

As primeiras 15.835 doses foram administrativas na primeira fase da vacinação, destinada predominantemente a pessoal da linha da frente, recorrendo a um primeiro lote de vacinas oferecidas a Timor-Leste pelo mecanismo multilateral Covax.

Com esses primeiros 2.400 frascos da vacina da AstraZeneca enviados para o país, Timor-Leste vacinou 28.331 pessoas, mais do que o previsto, de acordo com dados do Ministério da Saúde timorense e com o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda que cada frasco contemple cerca de 10 doses da vacina, o responsável da OMS em Díli, Arvind Mathur, explicou que, neste caso, cada unidade tinha 6,2 mililitros, o que permite administrar entre 11 e 12 doses e assim ampliar ligeiramente o número de pessoas inoculados.

Dada a prevalência da doença na capital, que chega a ser quatro ou cinco vezes a do resto do país, as autoridades timorenses decidiram concentrar em Díli a administração do segundo lote de cerca de 20 mil doses oferecidas pela Austrália.

Ainda este mês são esperados um novo carregamento de vacinas do mecanismo Covax e um novo carregamento oferecido pela Austrália.

Timor-Leste está atualmente a viver o pior momento da pandemia da covid-19, com oito mortos e máximos em casos diários e hospitalizações, com 1.818 casos ativos e 3.879 casos acumulados desde o início da pandemia.

A taxa de incidência é atualmente de 10,9 por 100 mil habitantes em Timor-Leste e de 34,8 por 100 mil habitantes em Díli, o que poderia indiciar que só em Díli pode haver mais de 35 mil pessoas infetadas.

Responsáveis do setor da saúde admitem que estes números são conservadores, antecipando que nas próximas semanas continuarão a aumentar significativamente as estatísticas.