Em comunicado, a Federação Académica de Lisboa (FAL), representante de 24 Associações de Estudantes da Área Metropolitana de Lisboa, indica que o inquérito “Impacto da Covid-19 nos estudantes do Ensino Superior” avalia a saúde mental e o percurso académico e contou com 4.013 respostas.
De acordo com os dados e no que diz respeito à evolução dos sentimentos face ao período pré-pandemia, aproximadamente 55% dos estudantes afirma ter piorado muito o seu estado de saúde mental, sendo que 38% referiu que esses sentimentos interferiram no seu desempenho académico.
Segundo os resultados, 53% dos inquiridos demonstra ter indícios de problemas do foro mental graves e 28% teve necessidade de tomar medicação.
Quanto às dificuldades psicológicas, apenas 17%, o que corresponde a quase 700 estudantes inquiridos, disseram ter procurado ajuda especializada na área da saúde mental durante a pandemia e 23% não procurou auxílio por motivos económicos.
Dos estudantes que responderam não ter procurado ajuda especializada, 42,7% afirmam que não o fizeram porque superaram as dificuldades sozinhos, 40% superaram com o apoio de familiares e/ou amigos, 22,6% não procurou ajuda por motivos económicos, 17,5% por questões relacionadas com vergonha, estigma ou preconceito, 10,3% por desconhecimento de soluções e 19,9 por não terem tido problemas relacionados com saúde mental.
Os resultados indicam também que cerca de 62% dos estudantes afirma não ter conhecimento sobre as soluções de apoio psicológico ou psiquiátrico disponibilizado pelas instituições de Ensino Superior (IES).
Dos estudantes que responderam conhecer as soluções de apoio psicológico ou psiquiátrico disponibilizado pelas IES, apenas 13,7% afirmam já as terem experimentado.
Dos estudantes que já experimentaram as soluções das IES, 56,1% dizem que não viram o seu problema resolvido.
Outro dos dados recolhidos no estudo é que durante a pandemia 28% dos estudantes tiveram necessidade de tomar medicação para sintomas de ansiedade, depressão ou insónia, sendo que 44% o fez sem a prescrição de um médico.
No que diz respeito ao percurso académico, cerca de 41% dos inquiridos afirma já ter ponderado abandonar o ensino superior depois do início da pandemia por motivos relacionados com o curso, tais como os conteúdos lecionados, o aproveitamento escolar, a componente prática e a própria integração, que não foram o esperado.
No comunicado, a FAL destaca que os resultados “demonstram não só os efeitos devastadores da pandemia na saúde mental nos estudantes do ensino superior e consequentemente no seu desempenho académico, mas também os entraves ao acesso a apoios psicológicos e psiquiátricos associados a elevados níveis de automedicação”.
Tendo em conta os “resultados preocupantes”, as Federações e Associações Académicas de Estudantes, decidiram em maio no Encontro Nacional de Direções Associativas, propor a organização de gabinetes de apoio ao estudante em rede financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior e pelo Ministério da Saúde em articulação com os cuidados de saúde primários do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Propõem igualmente que seja garantida a implementação, fiscalização e manutenção adequada de Gabinetes de Apoio de proximidade em todas as IES e um reforço da divulgação dos apoios existentes junto da comunidade académica e que o corpo docente e não docente seja informado sobre estes mecanismos e formado para deteção e sinalização de casos.
Pedem ainda que sejam reativadas e criadas linhas de aconselhamento psicológico gratuitas via chamada telefónica ou videochamada.
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