“As pessoas que estão a morrer estão a morrer porquê? Quem são estas pessoas que estão a morrer? Serão estas pessoas que têm uma supressão do sistema imunitário nas quais a eficácia da vacina é muito baixa porque não conseguem desenvolver anticorpos? Estas pessoas já não deviam estar a fazer como prevenção anticorpos?”, questionou Miguel Guimarães.
Em Braga, onde hoje decorre o 25.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, voltou ao tema da reunião que decorre no Infarmed para considerar que esta devia incluir uma análise sobre a gravidade e mortalidade da doença.
“[Os anticorpos] monoclonais neutralizantes estão a ser usados em praticamente toda a Europa já. Não deviam estar a ser usados nos nossos doentes, nomeadamente nos doentes transplantados? Espero que tenham falado nisto no Infarmed para que se tirem conclusões e para que a Direção-Geral da Saúde mude as recomendações que têm tido até agora nesta matéria”, referiu.
Convidado a comentar a reunião que decorre no Infarmed, que tem como objetivo definir medidas de prevenção para a covid-19, Miguel Guimarães defendeu que não lhe parecia necessário fazer uma reunião formal, porque os dados sobre a pandemia, “que não foi declarada como acabada”, são publicados “todos os dias”, e insistiu nas medidas que considera importantes.
“É importante vacinar as pessoas e baixar a idade da vacinação (…) e vacinar as pessoas para a gripe sazonal, nomeadamente as que são mais frágeis. E utilizar os anticorpos monoclonais neutralizantes nas pessoas que não conseguem elas próprias formar os anticorpos para estarem protegidas”, sublinhou.
Questionado sobre as dificuldades que se adivinham na saúde com a chegada do inverno, o bastonário aproveitou para defender a necessidade de dar informação correta às pessoas, nomeadamente “ensiná-las a usar corretamente os serviços de saúde”.
“Mas temos de ter alternativas válidas ao nível dos cuidados de saúde primários. Neste momento os cuidados de saúde primários estão em défice. Faltam-nos pelo menos cerca de 700 médicos nos cuidados de saúde primários”, referiu.
Miguel Guimarães recomendou que se faça “uma análise ao que se está a fazer” e abriu a porta ao estabelecimento de parcerias entre os vários setores de forma a “dar uma resposta mais eficaz ao excesso de doentes que pode existir”.
“Isso utilizando os médicos que temos para dar resposta, sejam eles do setor público, privado ou social. Desde que isto seja feito atempadamente, a resposta é mais sossegada, embora possam ocorrer picos”, concluiu.
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