O atual presidente da AMT, João Carvalho, fez hoje um balanço da atividade do organismo no parlamento, no dia seguinte à aprovação pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) da ex-ministra do Mar e atual deputada Ana Paula Vitorino como nova presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
De acordo com os relatórios da AMT, ao todo foram 15.895 as reclamações de passageiros no ano passado, 7.756 reclamações no primeiro semestre de 2020 (das quais 900 respeitantes à pandemia) e 8.139 reclamações no segundo semestre (1.125 delas por situações relacionadas com a covid-19).
Estes dados demonstram um decréscimo das reclamações em 2020 em relação ao ano anterior, quando o total de reclamações foi de 22.406, num período “em que houve uma redução de cerca de 80% da procura devido à pandemia”.
O responsável destacou que a entidade tem acompanhado os efeitos da pandemia no setor dos transportes, embora os dados ainda estejam a ser trabalhados, e que grande parte das reclamações se referem “a situações de excesso de lotação, da falta de uso de máscara e a pedidos de reembolso devido a cancelamento de serviços”.
João Carvalho destacou que a AMT monitorizou o excesso de lotação nos transportes e verificou que, de facto, esta situação se verificava, embora tenha salientado que a fiscalização do excesso de lotação, da segurança e da utilização de máscaras compete às forças de segurança.
“Realmente é um excesso ocasional. Em tempo normal, sem pandemia, é fácil aos operadores poderem monitorizar as questões relacionadas com o excesso de lotação em horas de ponta. Aqui, tem sido perfeitamente atípico. Portanto, eram casos muito localizados”, afirmou, salientando ter dados de que esta situação “entretanto melhorou no princípio deste ano”.
Quanto às reclamações por cancelamento de serviços e pedidos de reembolsos, João Carvalho destacou que os operadores, por iniciativa própria ou após insistência da AMT, “resolveram essas situações” já que “não houve uma repetição dos pedidos”.
O presidente da AMT admitiu que há atrasos nos investimentos no setor dos transportes, nomeadamente quanto às anunciadas novas carruagens para a CP e novos barcos para o transporte de passageiros no Tejo, que “têm muito a ver com a adjudicação dos concursos que estão a decorrer”.
“Adjudicámos, como sabem, vários concursos no transporte de passageiros. Há outros que ainda estão a decorrer até ao final deste ano. Portanto, aqui também há alguns atrasos. Os novos operadores que se candidataram e ganharam, ou os que já estavam, terão de melhorar a sua frota e isso está-se a passar. Nós estamos em termos de uma grande mudança de paradigma em relação ao transporte de passageiros. Penso que durante o próximo ano e no ano seguinte, 2022 e 2023, no que diz respeito ao transporte de passageiros, o investimento será feito”, considerou.
Em relação à ferrovia, João Carvalho afirmou que “os operadores estão a cumprir os serviços essenciais, que são abaixo da oferta normal”, porque “a procura vai demorar o seu tempo”.
“Os utilizadores começaram de novo a usar o transporte individual, portanto, vai demorar o seu tempo. Vai acontecer, mas vai demorar”, disse.
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