A partir de hoje, 75 países e territórios, como Itália, Grécia, França e Alemanha, estão isentos de cumprir quarentena no Reino Unido, mas Portugal foi excluído da lista devido a um aumento recente do número de casos de infeção com COVID-19, sobretudo na área de Lisboa.

Gianluca Pescaroli, professor no Instituto de Redução de Riscos e Desastres da University College London (UCL), disse ser favorável à ideia de “corredores de viagem” devido à importância do turismo para a economia de certos países, como Portugal e Itália, de onde é oriundo.

Porém, defendeu que "as autoridades portuguesas e italianas têm de ser bastante consistentes" na forma como recebem turistas para proteger visitantes e populações locais, além de dar meios e capacidade às autoridades para fazerem cumprir as regras.

"Em termos práticos, isto desenvolve-se de forma muito rápida, em aeroportos, em infraestruturas que são importantes para a circulação de turistas, como estações, hotéis, com avisos para usar máscaras e limpar as mãos em locais públicos, transportes públicos. Isto devia ser desenvolvido a nível europeu”, afirmou à agência Lusa.

Pescaroli admite estar “muito preocupado com o Reino Unido porque as mensagens são inconsistentes e porque ainda não ultrapassou totalmente a primeira vaga”, referindo a falta de obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados e situações de falta de respeito do distanciamento social em Londres, onde reside. 

E confessa não compreender porque os passageiros que chegam de Portugal continuam a ser sujeitos a quarentena, ao contrário de Itália, Espanha e de outros países.

"Se olharmos em retrospetiva, temos alguns países na Europa que tiveram picos maiores, e não penso que Portugal seja o caso, que esteja fora de controlo. Mas percebo que fechar as fronteiras a países com EUA ou Brasil, onde a pandemia está descontrolada, é compreensível”, disse à Lusa.

Também Oksana Pyzik, especialista em Doenças Infecciosas na UCL, considera que a ciência por detrás da decisão “está um pouco distorcida” por diferentes estratégias de teste e taxas de deteção de infetados nos dois países e refere que "altas taxas de deteção neste caso têm claras consequências económicas”.

Para justificar a análise, refere o estudo da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres estima que Portugal detetou aproximadamente 79% dos casos, em contraste com as taxas de deteção no Reino Unido (18%), Itália (11%) e Alemanha (43%).

O ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps, disse que a seleção dos países foi feita com base em critérios científicos e sanitários e por especialistas de vários ministérios para “minimizar o risco de importar casos de COVID-19”, enquanto se ajudamos a abrir o nosso setor do turismo e viagens”.

"A categorização foi fundamentada por uma estimativa da proporção da população atualmente infecciosa em cada país, taxas de incidência de vírus, tendências de incidência e mortes, estado de transmissão e informação internacional sobre epidemias, além de informações sobre a capacidade de teste do país e uma avaliação da qualidade dos dados disponíveis”, especificou Shapps.

Mas Oksana Pysiz está convencida de que “a decisão dos corredores de viagem parece ser mais motivada pela importância económica do país para o Reino Unido, bem como pelo número de passageiros e quantidade de comércio contra o controlo [da pandemia] COVID-19”.

Tal como Pescaroli, também Pyzik considera que a situação no Reino Unido apresenta desafios e defende que o país deveria tentar diminuir o número de mortes e infeções para reduzir o risco de segunda vaga e necessidade de novos confinamentos localizados.

"Apenas uma fração dos casos COVID-19 estão a ser identificados através do sistema de rastreamento [britânico]. À medida que as viagens [internacionais] são retomadas e os bares e restaurantes reabrem, o vírus vai continuar a espalhar-se durante os meses de verão, criando uma bomba-relógio que vai detonar quando o clima mais frio do outono chegar e se combinar com outros vírus sazonais”, alertou.

Segundo o ministério da Saúde britânico, morreram até quinta-feira 44,602 em mais de 287 mil casos durante a pandemia, o terceiro maior número a nível mundial, atrás dos EUA e Brasil.

Em Portugal, morreram 1.644 pessoas das 45.277 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A pandemia de covid-19 já provocou 555 mil mortos e infetou mais de 12,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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