No primeiro dia do mês, os alarmes soaram nas autoridades do território quando ficou confirmado que duas pessoas que trabalham em casinos de Macau e que vivem na cidade vizinha chinesa de Zhuhai estavam infetadas com o novo coronavírus.
Três dias depois, no dia 04 de fevereiro, Macau registou dois casos confirmados de novo coronavírus em residentes do território com ligação direta aos complexos onde estão os casinos: um deles uma funcionária do operador Galaxy e de um motorista de autocarro da Sociedade de Jogos de Macau.
Nesse mesmo dia, o chefe do executivo de Macau anunciou que os casinos iam suspender operações durante duas semanas. Uma “decisão difícil”, assumiu, uma vez que os casinos são o motor da economia da capital mundial do jogo.
Depois do encerramento, os operadores “já se encontravam a efetuar a medição da temperatura corporal a todos os visitantes e trabalhadores dos casinos, à sua entrada e saída, em cada uma das suas 405 entradas e saídas para clientes e 47 para trabalhadores”, assegurou a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) de Macau, em comunicado.
“Desde 05 de fevereiro, a atividade dos casinos tem estado suspensa, tendo na mesma data a DICJ solicitado às concessionárias e subconcessionárias que, durante o período de suspensão, procedessem à limpeza e desinfeção das áreas de jogo, restaurantes e outras instalações integradas”, lembraram os responsáveis governamentais pelo jogo em Macau.
Agora, a partir da meia-noite, as medidas de segurança vão ser reforçadas proibindo o acesso aos casinos a todas as pessoas que tenham estado na província chinesa de Hubei, foco do surto, nos últimos 14 dias.
Os espaços vão ser frequentemente desinfetados e todos os funcionários e visitantes são obrigados a usar máscara e antes de poderem entrar nos complexos têm de ser sujeitos à medição de temperatura e apresentar uma declaração de saúde.
Dentro dos casinos haverá alterações e até a própria forma de jogar será diferente: as mesas de jogo vão estar mais afastadas umas das outras e não são permitidas apostas em pé.
“Deve manter-se uma distância mínima entre os assentos dos clientes que pretendam efetuar apostas. Caso uma mesma mesa de bacará tenha sete assentos, apenas será permitida a aposta simultânea a três ou quatro pessoas”, frisaram as autoridades.
Ainda dentro dos casinos, as máquinas de jogo eletrónicas “devem estar separadas entre uma ou duas sem operação, para garantir a distância entre os clientes”.
Até nas cantinas as regras de segurança vão ser reforçadas com uma maior distancia entre as cadeiras.
“Durante os períodos de descanso, devem dispersar-se os trabalhadores, evitando grandes aglomerações de pessoas”, sublinhou o Governo de Macau.
Mesmo com a abertura dos casinos, as autoridades continuam a apelar aos operadores que os funcionários “que não necessitem de prestar funções para que permaneçam em casa e evitem a saída das fronteiras, reduzindo o risco de contágio” no território Macau, que conta atualmente com quatro casos de infeção. Dos dez casos identificados desde o início do surto, seis já receberam alta hospitalar.
Hoje, em entrevista à Lusa, o médico representante dos Serviços de Saúde de Macau Jorge Sales Marques disse que não se pode concluir que fechar ou reabrir casinos determine mais ou menos casos de infeção pelo coronavírus Covid-19.
“Os casinos foram fechados há duas semanas e, quando estavam abertos, não tínhamos assim tantos casos, só a partir do nono ou décimo caso é que foram encerrados”, lembrou o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.
O especialista ressalvou ainda que, após um encerramento de 15 dias, a reabertura dos casinos a partir desta quinta-feira será faseada, através de um período de transição de 30 dias, sob fortes medidas de prevenção impostas pelas autoridades de saúde, algo que está também a ser acautelado nos serviços públicos de Macau desde segunda-feira, quando começaram a garantir serviços mínimos.
Em 2019, os casinos obtiveram receitas de 292,46 milhões de patacas (cerca de 32,43 milhões de euros), menos 3,4% do que no ano anterior.
O coronavírus Covid-19, que apareceu no final de 2019, em Wuhan, capital da província chinesa de Hubei (centro) causou 2.004 mortos na China continental e mais de 74 mil infetados em todo o mundo.
Fora da China, há a registar dois mortos em Hong Kong, um morto nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.
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