Intervindo por videoconferência na cerimónia de arranque da conferência global de doadores patrocinada pela Comissão Europeia — e marcada pela ausência dos Estados Unidos -, António Guterres agradeceu ao executivo comunitário “e aos seus Governos parceiros a liderança” nesta iniciativa de angariação de fundos, que visa recolher 7,5 mil milhões de euros para acelerar o desenvolvimento de testes de diagnóstico, tratamentos e vacinas contra a covid-19.
Ainda assim, o secretário-geral das Nações Unidas exortou outros atores mundiais a juntarem-se a este “esforço vital”, pois estimou que seja necessária uma verba cinco vezes superior, na ordem dos 37,5 mil milhões de euros, para financiar o que classificou como “o esforço de saúde pública mais massivo da História”.
“Agradeço as contribuições generosas anunciadas hoje rumo ao objetivo de 7,5 mil milhões de euros. Estes fundos são uma espécie de adiantamento para desenvolver as novas ferramentas à velocidade necessária. Mas para chegar a todos e em todo o lado, precisaremos provavelmente de cinco vezes esse montante, pelo que apelo a todos os parceiros que se juntem a estes esforços quando voltarmos a encontrar-nos no final de maio”, declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas.
Apontando que, “em poucos meses, a covid-19 espalhou-se por todos os cantos do mundo, infetando mais de 3,3 milhões de pessoas e colhendo mais de 230 mil vidas”, Guterres insistiu na necessidade de garantir que os meios de prevenção e tratamento se tornam efetivamente “bens públicos globais”, tornando-os “disponíveis e acessíveis” a todos, sobretudo nos países mais desfavorecidos.
“Num mundo interconectado, ninguém está a salvo até todos estarmos a salvo”, advertiu.
Atuando como ‘moderadora’ na sessão de lançamento desta “maratona” de angariação de fundos, realizada na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, despediu-se de António Guterres com um «Obrigada», em Português, antes de passar a palavra a outros líderes.
Pouco antes, Von der Leyen anunciara que, pela sua parte, a Comissão Europeia vai contribuir com mil milhões de euros para o desenvolvimento de testes de diagnóstico, tratamentos e vacinas contra a covid-19.
“Temos de desenvolver [estes tratamentos] e disponibilizá-los em todos os cantos do mundo e eles têm de estar disponíveis e acessíveis para todos”, sublinhou a presidente da Comissão.
Também em declarações prestadas no arranque da videoconferência de dadores, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou o “espírito de solidariedade” necessário para combater o surto.
“Estas vacinas e tratamentos serão cruciais para a Europa, mas ainda mais críticos para os nossos parceiros mais vulneráveis com sistemas de saúde frágeis, como é o caso de África, que deve estar no centro da nossa solidariedade”, argumentou Charles Michel, acompanhando Ursula von der Leyen na defesa de “preços acessíveis”, nomeadamente para os países africanos.
Esta ‘maratona’ mundial de angariação de fundos surge após a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras organizações mundiais que operam no setor da saúde terem lançado um apelo conjunto à mobilização para desenvolver um acesso rápido e equitativo a instrumentos de diagnóstico, terapias e vacinas contra o novo coronavírus que sejam seguros, de qualidade, eficazes e a preços acessíveis.
Países, organizações e empresas de todo o mundo são, então, convidados a participar nesta campanha, organizada pela Comissão Europeia e pelos seus parceiros.
Também hoje, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que a contribuição portuguesa pública e privada será de 10 milhões de euros.
Além de Portugal, países como França, Itália, Reino Unido, Alemanha e Noruega já manifestaram o seu apoio à iniciativa, da qual estão de fora os Estados Unidos.
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