
De acordo com uma nota da Organização Mundial de Saúde (OMS) enviada hoje à Lusa, a primeira fase desta campanha de vacinação, que arrancou a 27 de março, prolonga-se até sexta-feira e está centrada no município de Viana, nos arredores de Luanda.
Só na província capital já morreram 34 pessoas por raiva desde o início do ano - 92 por cento dos casos envolvendo menores de 10 anos -, sendo que 13 das mortes se registaram em Viana. No mesmo período, em toda a província, foram notificados 4.290 casos de mordedura por animais.
"A raiva é uma doença que podemos facilmente prevenir através de campanhas regulares de vacinação e de sensibilização comunitária, mas cujo impacto na vida das populações já se tornou um sério problema de saúde pública", alertou o representante da OMS em Angola, Hernando Agudelo.
Vacinação de animais em curso
Esta operação na zona de Viana, onde se verifica o foco principal do atual surto de raiva em Angola, mobiliza 170 técnicos, distribuídos por 32 equipas que preveem vacinar mais de 54.800 animais.
"Se esta tendência continuar, acredita-se que os custos anuais para assegurar a vacina das pessoas mordidas por animais com raiva, só em Luanda, ultrapassem os seis milhões de dólares [5,5 milhões de euros]", refere a OMS.
A organização recorda que a vacina contra a raiva custa cerca de 120 kwanzas (cerca de um euro), "mas o seu tratamento é 100 vezes mais dispendioso".
"Em todos os municípios de Luanda a taxa de letalidade foi de 100% e as autoridades estão particularmente preocupadas porque 80% das vítimas abandonam o tratamento", reconhece ainda a OMS.
A campanha de vacinação em curso está a ser coordenada pela Comissão Nacional contra a Raiva, que inclui os ministérios da Saúde, Agricultura, a Polícia Nacional, Forças Armadas Angolanas e as várias administrações municipais, além do apoio técnico da OMS.
Ainda de acordo com aquela organização das Nações Unidas, o Governo angolano pretende vacinar durante esta campanha 70% da população de cães, gatos e macacos de Luanda, num total estimado em 235.638 animais, além de "consciencializar a população sobre a importância da vacina" e de "reforçar as ações de vigilância".
As autoridades provinciais de Saúde de Luanda já fizeram saber que este tipo de campanha de vacinação integrada passará a realizar-se de forma anual, até que o surto de raiva esteja controlado.
As estimativas da OMS indicam que o continente africano regista uma média de 24 mil mortes anuais por raiva, mais de 90% dos casos provocados pela mordedura de cães raivosos "e em áreas urbanas onde o cão é o principal reservatório da doença".
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