O jornal ABC refere na sua edição de hoje que o contágio da auxiliar de enfermagem pode ter ocorrido quando a mulher tocou a cara depois de passar com a mão no seu uniforme.
Poderá igualmente não ter sido seguida a diretriz que define que a necessidade de haver sempre uma pessoa a observar quando qualquer funcionário de saúde sai do quarto do paciente.
Fontes citadas pelo jornal referem ainda a insuficiente formação como outro dos erros cometidos no âmbito deste caso, já que os funcionários médicos apenas receberam uma palestra informativa de 20 minutos, sem nunca terem realizado qualquer simulacro.
Outros erros terão sido cometidos posteriormente com a auxiliar de enfermagem Maria Teresa Romero, de 44 anos, que terá, por três vezes, ido a centros médicos - com febre - sem que lhe tenha sido realizada qualquer exame de saúde para deteção da doença.
A funcionária fez vida normal nos seis dias depois da morte do missionário espanhol com Ébola, com quem esteve em contacto pelo menos duas vezes, chegando mesmo a realizar um exame de admissão público.
O jornal refere ainda que a ambulância que transportou a auxiliar de enfermagem de casa para o hospital de Alcorcon na segunda-feira continua a trabalhar sem que se tenham ainda sido adotadas medidas preventivas ou de isolamento.
Esta cadeia de erros, alguns dos quais nos procedimentos e protocolos, é um dos motivos de maior queixa dos funcionários do setor da Saúde madrilena, que hoje convocaram uma concentração de protesto no Hospital Carlos III.
Fontes médicas referem que a mulher contagiada continua a receber tratamento experimental naquela unidade hospitalar, nomeadamente soro híper-imune procedente da religiosa Paciência Melgar, que sobreviveu à doença em agosto.
Esse soro já lhe foi aplicado pelo menos duas vezes e fontes hospitalares explicaram que se registaram melhorias ligeiras no estado de saúde da mulher.
Uma outra pessoa foi admitida na noite de terça-feira no hospital Carlos III de Madrid, após a descoberta na segunda-feira, em Espanha, deste primeiro caso de contágio com o Ébola fora de África.
Trata-se de uma enfermeira que esteve em contacto com a auxiliar de enfermagem infetada pelo vírus e que foi admitida por precaução, com sintomas de febre muito ligeira.
No hospital Carlos III estão ainda isolados o marido da auxiliar de enfermagem, considerado "de alto risco" devido à sua proximidade à paciente, um homem que viajou para o estrangeiro e uma outra auxiliar de enfermagem que já teve um teste negativo.
Cerca de 50 pessoas que poderão ter estado em contacto com os doentes com sintomas mais graves já estão sob vigilância e foi iniciado um inquérito para identificar todos os habitantes da região que possam ter sido expostos, pelo facto de a auxiliar de enfermagem ter apresentado sintomas a partir de 30 de setembro e apenas ter sido hospitalizada na segunda-feira.
As autoridades sanitárias de Madrid querem abater o cão do casal e mantêm vigilância restrita no apartamento onde vivem, devendo hoje proceder a uma desinfeção das zonas comuns.
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