18 de fevereiro de 2013 - 11h35

Uma equipa do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), liderada por Carla Oliveira, descobriu uma forma de medir a propensão de um indivíduo ao cancro do estômago, e a agressividade do mesmo, a partir da alteração da estrutura da molécula caderina-E. 
A investigação será publicada em março na publicação norte-americana Journal of Clinical Oncology e contou com a colaboração de uma equipa de cientistas de Siena, em Itália.
O trabalho consistiu na análise sistemática da frequência e do impacto de alterações somáticas no gene da Caderina-E - uma molécula de adesão presente na fisiologia do estômago e dos tecidos epiteliais em geral - no prognóstico e sobrevida de doentes com cancro gástrico. 
Os investigadores sublinharam o facto de “cerca de 30% de todos os cancros de estômago apresentarem alterações na estrutura do gene e estas estarem associadas a menor sobrevida, o que obriga à reformulação na abordagem terapêutica nestes doentes”, cita a agência Lusa.
De acordo com a coordenadora do estudo, Carla Oliveira, propõe-se pela primeira vez “o uso da pesquisa de alterações da Caderina-E como biomarcador de estratificação terapêutica no cancro do estômago”.
O estudo sugere que quando se fizer um diagnóstico de cancro gástrico, além de uma biopsia para determinar a morfologia e histologia do tumor se faça também uma colheita para "análise de alterações da Caderina-E”.
"A família desse indivíduo deverá ser sujeita a uma vigilância apertada”, salienta ainda a investigadora, já que o diagnóstico precoce é muitas vezes um fator determinante no sucesso do tratamento.
O cancro do estômago é a segunda causa de morte por patologia oncológica em todo o mundo. Todos os anos, surgem 37 novos casos por cada 100 mil habitantes em Portugal.
A equipa de investigação do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), liderada pela cientista Carla Oliveira, já tinha sido pioneira internacionalmente na identificação de deleções – perda de material genético – e metilação germinativa – silenciamento da expressão – no gene da Caderina-E, dois mecanismos que se vieram juntar à mutação genética e que explicam a origem do cancro hereditário no estômago. 
"Caso seja detetada uma alteração germinativa nos pacientes, os portadores são seguidos clinicamente, o que permite identificar a ocorrência de cancro numa fase precoce e salvar uma vida", explicou a cientista, em setembro de 2011, ao SAPO.

SAPO Saúde