A macromolécula agora desenvolvida, chamada politiofeno, previne a aglutinação tóxica de agentes infecciosos (príons) no cérebro, explicam os cientistas no artigo publicado na revista Science Translational Medicine.
Quando as proteínas que formam os príons sofrem mutação, podem infetar o cérebro e causar uma doença neurodegenerativa rara, muitas vezes fatal, como a encefalopatia espongiforme bovina (BSE, na sigla em inglês) em vacas, ou a doença de Creutzfeldt-Jakob (nvMCJ) nos seres humanos.
Estes agentes infecciosos multiplicam-se desencadeando nas proteínas saudáveis uma reação de aglutinação, que provoca a formação de longas cadeias de fibras tóxicas para os neurónios.
Os investigadores testaram uma ampla gama de politiofenos em ratos infetados com príons para determinar quais os mais eficientes em matéria de neutralização, e conseguiram criar novos politiofenos com capacidades aumentadas de bloqueio, minimizando os danos no cérebro.
O politiofeno mais promissor, que prolongou a vida dos infetados em mais de 80%, foi testado contra duas matrizes de príons e parece ter agido logo nas primeiras fases do fenómeno de aglutinação, relatam os investigadores do Instituto de Neurologia da Universidade de Zurique (Suíça) e do Instituto de Biologia e Química de Proteínas da Universidade de Lyon (França).
De acordo com os autores do estudo, esta descoberta pode permitir a criação de uma nova classe de medicamentos.
O primeiro diagnóstico de BSE foi feito no Reino Unido em 1986, durante uma epidemia que durou vários anos e que se espalhou para outros países da Europa e mundo.
Suspeita de ser a causa da doença de Creutzfeldt-Jakob em humanos, a doença das vacas loucas provocou uma grave crise no setor das carnes. Centenas de milhares de ruminantes foram abatidos e a população deixou de confiar como antes na carne deste animal.
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