O artigo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)", publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, chama a atenção para a propensão humana de julgar as pessoas pela aparência, principalmente no campo científico, numa era permeada por vídeos em plataformas online e TED talks.

"Parece-me que as pessoas usam a aparência como critério para a busca de informação quando selecionam ou julgam as notícias", disse o autor Will Skylark, do Departamento de Psicologia da Universidade de Cambridge. "Ainda não é claro se isso influencia a divulgação e aceitação das ideias científicas", acrescentou.

Para o relatório, investigadores da Universidade de Cambridge e da Universidade de Essex ficaram responsáveis por seis estudos separados para perceber o quanto a aparência dos cientistas afeta a percepção do público sobre as suas respetivas pesquisas.

Aproximadamente 3.700 pessoas entre os 18 e os 81 anos participaram no estudo. Eram oriundas dos Estados Unidos e do Reino Unido e muitas foram recrutadas online.

Para o estudo, os rostos dos cientistas foram escolhidos aleatoriamente, a partir dos departamentos de Física e Genética de universidades americanas e britânicas.

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Um grupo de participantes foi convidado a classificar as imagens dos cientistas através do nível de atração despoletado. Depois, outros dois grupos de participantes avaliaram o quão interessados estariam em saber mais sobre as pesquisas desenvolvidas por cada um desses cientistas.

Comparando os dados obtidos a partir desses diferentes grupos, os investigadores perceberam que as pessoas são mais propensas a interessar-se pelo trabalho desenvolvido por cientistas considerados por eles como sendo fisicamente atraentes. Os cientistas não encontraram diferenças em relação à questão racial.

Quando interrogados sobre que cientistas pareciam ser mais dedicados às pesquisas, o público escolheu os menos atraentes. "Os nossos resultados mostram que a ciência é uma atividade social na qual os resultados dependem da aparência, de forma a influenciar as atitudes do público e ações do governo quanto a questões científicas imprescindíveis como as relativas às mudanças climáticas e à biotecnologia", concluiu o estudo.

Para Skylark, as mesmas inclinações pessoais que existem em qualquer área da vida humana também aparecem em relação à ciência. "As pessoas são mais influenciadas pela aparência de alguém do que, necessariamente, pelas suas ideias", afirma.