Maria Manuel Mota, investigadora-principal e diretora-executiva do Instituto de Medicina Molecular (IMM) João Lobo Antunes, foi distinguida ontem na categoria internacional de carreira, o que lhe valeu um prémio no montante de 150 mil euros.

O seu grupo de investigação estuda há mais de 20 anos os parasitas do género "Plasmodium", que causam a doença infeciosa malária, transmitida pela picada da fêmea dos mosquitos do género "Anopheles".

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Contudo, em Portugal, a renomada cientista ficou de fora do do rol de 500 investigadores selecionados pela FCT para ter contrato de trabalho no próximo ano. Maria Manuel Mota concorreu com um projeto que "podia trazer desenvolvimentos significativos na investigação da doença".

"Temos resultados preliminares que nos fazem acreditar sabermos a razão pela qual o parasita da malária infeta primeiro o fígado, antes de ir para a circulação. E isso está relacionado com o metabolismo específico do fígado dos mamíferos", afirmou a investigadora, em setembro, em declarações ao Observador. Sobre esse projeto, Maria Manuel Mota diz que lhe "disseram que era extremamente inovador, mas que não estava bem explicado qual o impacto para a saúde humana".

O projeto acabou chumbado para bolsa pela FCT. No entanto, o projeto será financiado pela espanhola La Caixa, a terceira maior fundação do mundo. "Vou liderar essa equipa, mas eles financiam apenas o desenvolvimento do projeto, não pagam o meu salário".

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A equipa pretende, em trabalhos futuros, perceber a "rede de interações" entre os parasitas e as pessoas, para poder "influenciar a replicação" dos parasitas.

As suas descobertas

Maria Mota descobriu "o principal mecanismo de deteção de nutrientes usado por este parasita, que é crítico para modular a sua replicação e virulência". Para a cientista, citada em comunicado do IMM, o prémio reconhece o trabalho feito pela sua equipa de investigação e significa "financiamento para o laboratório", possibilitando "explorar novas ideias de uma forma mais livre".

Criados em 2012, os Prémios Sanofi-Instituto Pasteur, no valor total de 350 mil euros, visam distinguir, nas categorias internacional de carreira e sénior, até quatro cientistas cuja "investigação tenha demonstrado um verdadeiro progresso científico em diferentes áreas das ciências da vida". Em 2018, as áreas selecionadas foram microbiologia e infeção e imunologia.

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Os prémios de investigação biomédica atribuídos pela farmacêutica Sanofi e pelo Instituto Pasteur foram entregues em Paris, França.

Quem é Maria Manuel Mota?

Maria Mota, natural de Vila Nova de Gaia, licenciada em Biologia em 1992, fez o mestrado em imunologia em 1994 e concluiu o doutoramento em parasitologia molecular em 1998. Trabalha no Instituto de Medicina Molecular (IMM) como investigadora principal na Unidade de Malária.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a malária - uma doença mortal e transmitida pelos mosquitos do género Anopheles - afeta 214 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável pela morte de 500 mil pessoas todos os anos.