A cientista, que é também diretora do Instituto de Medicina Molecular (IMM), só tem salário até ao final do ano. A notícia é avançada hoje pelo jornal Observador. Maria Manuel Mota investiga há mais de 20 anos o parasita da malária, o que faz dela uma referência a nível mundial, mas que não foi suficiente para a deixar entre os 500 investigadores a garantir contrato de trabalho, para os próximos seis anos, ao abrigo do Concurso Estímulo ao Emprego Científico da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

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Os resultados do concurso foram divulgados esta segunda-feira e colocam a cientista, que é também diretora do Instituto de Medicina Molecular (IMM), entre as 3.600 pessoas que viram a sua candidatura chumbada, não obtendo qualquer financiamento. Maria Manuel Mota reagiu com "alguma perplexidade": "havia duas linhas com um comentário muito breve sobre o meu currículo e depois umas seis, sete linhas, sobre o projeto em si", começa por explicar.

Maria Manuel Mota concorreu com um projeto que "podia trazer desenvolvimentos significativos na investigação da doença". "Temos resultados preliminares que nos fazem acreditar sabermos a razão pela qual o parasita da malária infeta primeiro o fígado, antes de ir para a circulação. E isso está relacionado com o metabolismo específico do fígado dos mamíferos", afirma a investigadora ao referido jornal.

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Comentários evasivos

"Em relação ao meu currículo, focaram-se em coisas que não têm muita relevância. Penso que, para o meu nível científico, tenho um currículo de alta qualidade, mas o comentário mais longo dizia apenas que eu tinha supervisionado vários alunos de doutoramento. Claro que isso é importante, mostra uma certa experiência, mas não me distingue de outro qualquer investigador. Achei muito estranho ler aquilo", confessa. No que toca ao projeto, "disseram que era extremamente inovador, mas que não estava bem explicado qual o impacto para a saúde humana". "Pode ter sido um erro meu, talvez possa não ter explicado bem", admite Maria Manuel Mota.

O projeto agora chumbado para bolsa pela FCT foi, no entanto, financiado pela La Caixa, a terceira maior fundação do mundo. "Vou liderar essa equipa, mas eles financiam apenas o desenvolvimento do projeto, não pagam o meu salário".

Maria Mota, natural de Vila Nova de Gaia, licenciada em Biologia em 1992, fez o mestrado em imunologia em 1994 e concluiu o doutoramento em parasitologia molecular em 1998. Trabalha no Instituto de Medicina Molecular (IMM) como investigadora principal na Unidade de Malária.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a malária - uma doença mortal e transmitida pelos mosquitos do género Anopheles - afeta 214 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável pela morte de 500 mil pessoas todos os anos.