A professora de química do Bryn Mawr College, Michelle Francl, contou que um dos segredos para uma chávena de chá perfeita é uma pitada de sal.
A dica está incluída no livro de Francl “Steeped: The Chemistry of Tea”, publicado esta quarta-feira pela Royal Society of Chemistry, noticiou a agência Associated Press (AP).
Desde o "Boston Tea Party", um protesto político naquela cidade norte-americana contra o domínio britânico, que o relacionamento anglo-americano não fervilhava tanto.
A sugestão do sal provocou indignação entre os amantes do chá no Reino Unido, onde o estereótipo popular vê os norte-americanos como grosseiros bebedores de café e que fazem chá, se o fazem, no micro-ondas.
“Nem diga a palavra ‘sal’ para nós...”, escreveu o guia de etiqueta Debrett’s na rede social X.
A Embaixada dos EUA em Londres interveio na ‘tempestade’ com uma publicação nas redes sociais, a tranquilizar “o bom povo do Reino Unido de que a noção impensável de adicionar sal à bebida nacional da Grã-Bretanha não é uma política oficial dos Estados Unidos”.
“Vamo-nos unir na nossa profunda solidariedade e mostrar ao mundo que, quando se trata de chá, somos um só”, pode ler-se, na publicação com ironia, onde acrescentou: “A Embaixada dos EUA continuará a fazer chá da maneira adequada – colocando-o no micro-ondas”.
A embaixada esclareceu mais tarde que a sua declaração era “uma brincadeira alegre com as ligações culturais partilhadas” entre as duas nações, ao invés de um comunicado de imprensa oficial.
Mas o livro norte-americano, em contraste, não é brincadeira. Produto de três anos de investigação e experimentação, o livro explora os mais de 100 compostos químicos encontrados no chá e “coloca a química em uso com conselhos sobre como preparar uma chávena melhor”, de acordo com o seu editor.
Michelle Francl refere que adicionar uma pequena quantidade de sal – não o suficiente para dar sabor – faz o chá parecer menos amargo porque “os íons de sódio no sal bloqueiam os recetores amargos nas bocas”.
A cientista também defende fazer o chá numa panela pré-aquecida, agitando a saqueta brevemente, mas vigorosamente, e servindo numa caneca baixa e robusta para preservar o calor.
Francl diz que o leite deve ser adicionado à chávena depois do chá, não antes – outra questão que muitas vezes divide os amantes das infusões.
A autora ficou surpreendida com o nível de reação ao seu livro no Reino Unido.
“Percebi que causou muito interesse. Não sabia que iniciaríamos uma conversa diplomática com a Embaixada dos EUA”, contou, em declarações à AP.
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