“O Chega vai chamar ao parlamento todos os responsáveis civis e militares das obras do Hospital Militar de Belém”, afirmou o líder do Chega, em conferência de imprensa, na sede do partido, em Lisboa.

André Ventura estimou que estejam em causa “entre oito a 15 pessoas” envolvendo as áreas da Defesa e também das Finanças.

O líder do Chega disse que o requerimento vai dar hoje entrada na comissão parlamentar de Defesa e indicou que no pacote de pessoas que quer chamar estão o ex-ministro das Finanças João Leão, que como já não faz parte do Governo, “terá de ser convidado”, bem como “anteriores responsáveis da secretaria de Estado das Finanças e quem tutelava a parte financeira da Defesa” à data.

“Todos serão chamados a responder em que momento ficou claro a derrapagem do valor das obras, em que momento foi o Governo informado dessa derrapagem e quais foram os responsáveis que autorizaram”, salientou, indicando que “o pedido de valor tinha de ser autorizado também pelo Ministério das Finanças”.

André Ventura defendeu que “houve responsáveis deste processo que podem ter responsabilidades políticas a ser acatadas”.

“E por isso queremos fazer o circuito todo, desde a orçamentação, à definição, à calendarização, passando pelo momento em que houve autorização das Finanças para esta obra”, sustentou, apontando querer saber “quem autorizou” o novo orçamento.

Ventura afirmou que, se o PS não viabilizar estas audições, o Chega “pode chamar potestativamente à comissão estes responsáveis” e admitiu também propor uma comissão de inquérito sobre o assunto, se não ficar satisfeito com as explicações que possam vir a ser dadas.

O líder do Chega voltou a defender a demissão do ministro João Gomes Cravinho e justificou que, “como insiste em permanecer” no Governo, o partido vai propor estas audições, admitindo que algumas possam decorrer à porta fechada.

Na semana passada, a comissão parlamentar de Defesa já tinha aprovado a audição do ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, bem como do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, sobre a investigação “Tempestade Perfeita”.

O jornal ‘Expresso’ noticiou na sexta-feira que o ex-ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros foi informado em março de 2020 de que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar.

Segundo o jornal, que cita um ofício de março de 2020, com as obras já a decorrer, o diretor-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), Alberto Coelho, — hoje arguido por corrupção e branqueamento na Operação Tempestade Perfeita —, informou o ministro sobre “trabalhos adicionais” que já somavam quase um milhão de euros extra.