Os chefes de equipa de urgência cirúrgica tinham enviado em 10 de novembro uma carta ao diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), de que faz parte o Hospital Santa Maria, na qual apresentavam a sua demissão em bloco a partir de hoje.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, João Proença, afirmou que o Conselho de Administração do CHULN “não deu qualquer resposta às pretensões dos médicos que eram muito claras”, pelo que foi concretizada a demissão.
“Os colegas exigiram que fossem tomadas medidas para que o banco de urgência continuasse a ter uma vida normal, porque só eram duas pessoas, um chefe de equipa e um especialista, e precisavam de seis pessoas diferenciadas”, disse o dirigente sindical.
Por outro lado, nove dos dez médicos que se demitiram do cargo de chefia já têm mais de 55 anos e, ao abrigo da lei, podem pedir dispensa do trabalho nas urgências.
João Proença adiantou que os médicos fizeram “uma proposta de linha vermelha” ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), mas como este respondeu de “forma evasiva” decidiram que, a partir de dezembro, vão comunicar que “já não fazem urgência porque têm mais de 55 anos”, além de irem limitar as horas extraordinárias.
Assim, adiantou, “não só deixam de ser responsáveis de equipa como deixam de fazer bancos de urgência”, ao abrigo da lei.
“Isto vai tornar insolúvel o problema do Serviço de Cirurgia do hospital central da área de Lisboa e ainda por cima universitário”, salientou João Proença.
Na carta de demissão, a que a Lusa teve acesso, os cirurgiões adiantavam que a urgência cirúrgica do CHULN “vem-se degradando nos últimos anos, agravada recentemente pela tomada de posição dos assistentes hospitalares do departamento que recusam ultrapassar, nas atuais condições de trabalho, as horas extraordinárias consideradas na lei”.
Depois de se solidarizarem com os assistentes hospitalares, os médicos demissionários consideraram que a escala de urgência de cirurgia geral “não é exequível, segundo o regulamento de constituição das equipas de urgência”.
Após ser conhecido o pedido de demissão, o CHULN manifestou “total abertura e empenho” para melhorar as questões de organização interna identificadas na carta apresentada pelos chefes de equipa de cirurgia da urgência central.
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