Afinal, o cérebro humano produz milhares de neurónios novos até quase aos 90 anos. A tese é defendida por um grupo de investigadores do Centro de Biología Molecular Severo Ochoa, em Madrid, em Espanha, que observou uma elevada capacidade de regeneração no hipocampo, a estrutura localizada nos lobos temporais que é o epicentro da memória e da aprendizagem, avança a edição online do jornal El País.

Nos últimos sete anos, a bióloga María Llorens, uma das cientistas que participaram na investigação, foi recolhendo e analisando pedaços de cérebros de pessoas mortas. Alguns dos tecidos analisados não revelavam qualquer indício de patologias degenerativas mas noutros foram encontrados sinais de alzheimer. Depois de um neuropatologista ter extraído o hipocampo de cada cérebro, enviou-o à especialista.

María Llorens cortou-os depois em lâminas finas, que analisou ao microscópio. Os de 58 pessoas que estavam em condições de fornecer dados fiáveis permitiram-lhe, então, concluir que, ao contrário do que muitos pensam, o cérebro humano continua a produzir milhares de neurónios novos até depois dos 80 anos. O estudo, divulgado ontem pela publicação especializada Nature Medicine, volta a (re)lançar a dúvida.

Afinal, nascemos com um número pré-determinado de neurónios que vai diminuindo ao longo da vida ou, pelo contrário, eles continuam a ser gerados naturalmente quase até ao fim dos nossos dias? O debate promete prosseguir. Nos últimos 20 anos, têm sido várias as investigações a demonstrar, ainda que por outros métodos, que o cérebro humano continua, com o passar do tempo, a produzir neurónios novos no hipocampo.