“Este fim de semana assistimos a manifestações que foram autorizadas, e que não cumpriram as regras de saúde pública e sanitárias que foram decretadas, ao mesmo tempo que os ginásios têm que obedecer escrupulosamente às regras de limitação de espaços, que os restaurantes continuam a ter que garantir que essas normas sanitárias são cumpridas, que os nossos filhos não podem ir à escola nem praticar desportos coletivos, que as escolas estão fechadas”, afirmou.

Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas no final da visita a um ginásio, em Lisboa, onde conheceu a nova realidade daquele espaço, com limitação de clientes no interior, aulas ao ar livre e uma maior separação entre máquinas.

Comentando as manifestações antirracismo que se realizaram no fim de semana em vários pontos do país, o líder democrata-cristão considerou que “o Governo começa a criar algumas divisões e fraturas na sociedade, que não são nada benéficas num período em que se esperava estabilidade e um aumento da confiança dos consumidores para que essa retoma da atividade económica se desse”.

“E dá vontade de perguntar por que é que há portugueses de primeira e portugueses de segunda, por que é que há dois pesos e duas medidas, o que é verdadeiramente incompreensível e acaba por dividir a sociedade portuguesa numa altura em que devíamos estar unidos no combate ao covid”, criticou.

No sábado, milhares de portugueses saíram à rua em manifestações contra o racismo nalgumas cidades portugueses, em solidariedade para com outras ações do género que evocam a morte de George Floyd, um afro-americano de 46 anos que morreu em 25 de maio, em Minneapolis (EUA), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção.

Nesta manifestação, muitos usaram máscara, mas o distanciamento social imposto pela prevenção da covid-19 esteve bastante longe de ser cumprido.

No domingo, o PCP organizou um comício, em Lisboa, com lugares marcados e distância entre os militantes, muitos deles de máscara, no jardim Amália Rodrigues, no alto do parque Eduardo VII, contra a perda de direitos em tempos de pandemia.

“Estes sinais contraditórios e equívocos, onde parece que uns são filhos e outros são enteados, pese embora a bondade das causas que estão a ser defendidas, não pode servir para agravar as desigualdades numa altura em que muitos portugueses estar a passar dificuldades”, salientou Francisco Rodrigues dos Santos, pedindo ao Governo que seja “firme” e “claro na mensagem que passa aos portugueses, para que todos os comportamentos responsáveis e no âmbito da saúde pública adequados a este período que estamos a viver, sejam cumpridos por todos”.

“Porque na altura em que aqueles que mandam perdem o respeito, aqueles que obedecem passam a levar as suas vidas de acordo com o seu arbítrio e a sua liberdade”, advertiu.

Apontando que “não há liberdade se não houver segurança”, Rodrigues dos Santos apelou a um combate ao racismo com “todas as forças” mas pediu uma valorização do papel as forças de segurança, “que precisam de ser respeitadas”.

“O racismo é um crime contra a nossa civilização, que nos horroriza e que tem que ser combatido. Mas ele não se combate com ataque às nossas forças de segurança e aos nossos políticas, que nos defendem em nome da nossa liberdade”, vincou o presidente do CDS, considerando que os agentes das forças de segurança “têm sido verdadeiros heróis” durante a pandemia.