Até 2012 os idosos mais carenciados vão receber gratuitamente a vacina da gripe sazonal, o que nunca tinha acontecido. A medida é apresentada hoje pela ministra da Saúde, Ana Jorge, e faz parte da campanha de vacinação contra a gripe que arranca a 1 de Outubro. As vacinas deverão ser distribuídas através dos centros de saúde.

 A medida só avança porque o Ministério da Saúde chegou a acordo com a GlaxoSmithKline, laboratório a quem se comprou os seis milhões de vacinas da gripe A. Assim, em vez de receber os dois milhões de doses que ainda estavam por chegar, Ana Jorge conseguiu converter 660 mil de vacinas pandémicas em 900 mil da vacina da gripe sazonal.

Estas chegarão em três fases: 300 mil agora, 300 mil em 2011 e igual valor em 2012. Os beneficiários serão os idosos com mais de 65 anos que recebem complemento solidário, e que também têm acesso a medicamentos comparticipados a 100%, e muito provavelmente pessoas que estejam a viver em lares. Tudo de forma grátis, ao contrário de anos anteriores em que a vacina tinha de ser comprada na farmácia com receita médica.

Além de poupar dinheiro em material que muito provavelmente nunca seriam usadas, tendo em conta a pouca adesão dos grupos de risco à vacina da gripe A, Ana Jorge tem aqui a ferramenta ideal para aumentar a cobertura da vacinação da gripe sazonal.
A Organização Mundial de Saúde quer que, este ano, a cobertura de vacinação da gripe sazonal nos idosos seja de 75%.

Em 2008/2009, Portugal estava muito longe desta meta: só de metade dos mais velhos, que fazem parte do grupo de risco, tomou a vacina. Nesse Inverno, houve um excesso de mortes de quase duas mil pessoas associada à gripe sazonal. Maioritariamente idosos, com doenças associadas.

Fazem ainda parte da lista de prioritários os doentes crónicos e imunodeprimidos, com mais de 6 meses de idade, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, como funcionários de lares de idosos. Estes terão de ter uma receita para comprar a vacina, como é habitual.

Apesar deste sucesso das negociações, é preciso não esquecer que da encomenda inicial do Ministério da Saúde de seis milhões de doses Portugal ainda tem mais um milhão por receber. Negociações que se mantém, já que ficou claro que o ministério de Ana Jorge não tem interesse em os receber.

O que aliás, aconteceu também noutros países como a França, também em negociações para anular parte da encomenda inicial. Outros, como fez os Estados Unidos, acabam mesmo por destruir grande parte das vacinas que compraram por falta de validade.

O Ministério já tinha conseguido anular a vinda de dois milhões de doses no início do ano. Uma poupança de cerca de 15 milhões de euros, tendo em conta que só as vacinas entregues são pagas. Portugal ainda tem 1300 vacinas com mais um ano de validade em stock por usar e que estão pagas. Nem o Ministério da Saúde, nem a GlaxoSmithKline quiseram responder às dúvidas do DN.

Fonte: DN

2010-08-04