A proposta do presidente da autarquia, Rui Moreira, a que a Lusa teve hoje acesso, vai ser votada na reunião camarária pública de terça-feira e pretende, “ainda que de forma simbólica, demonstrar que está totalmente disponível para ser parte da solução e apoiar todas as iniciativas que se destinem a acelerar o processo de construção” da Ala Pediátrica do Hospital de São João.

“Nesse sentido, o município pretende apoiar esta iniciativa no valor simbólico correspondente ao valor das taxas pagas pela Licença Especial de Ruído necessária para a realização do cordão humano que ocorreu no dia 20 de setembro, no valor de 72,66 euros”, acrescenta o independente no documento.

Na proposta, o autarca refere que “a construção das novas instalações do Centro Pediátrico do Hospital de São João é uma necessidade premente da cidade do Porto”. “Os serviços de saúde pediátricos do Hospital de São João são prestados, desde 2008, em contentores provisórios que não garantem as condições adequadas para o acolhimento e cuidados de saúde que incumbe prestar aos doentes com idade pediátrica”, acrescenta.

Moreira observa ainda que, “prometida desde 2008, a construção do Centro Pediátrico do Hospital de São João não se iniciou até hoje”.

“Para se manifestar pela necessidade de resolução deste problema que afeta milhares de crianças e famílias, a APOHSJ promoveu, no dia 20 de setembro de 2018, a formação de um cordão humano no Hospital”, lembra o presidente da Câmara.

Moreira recorda também que “esta iniciativa contou com a presença de centenas de pessoas que reivindicaram o início da construção da nova Ala Pediátrica do Hospital e o fim das más condições atualmente existentes num dos principais hospitais centrais do país”.

O presidente da Câmara do Porto revelou na quarta-feira que a autarquia está “disponível para apoiar o projeto da Associação Joãozinho” para “continuar as obras” da Ala Pediátrica do Hospital de São João, resolvendo “o que o Estado não tem conseguido” resolver.

“Temos que permitir que as obras do Joãozinho continuem e a câmara está disponível para apoiar esse projeto. Foi dito que havia mecenas para fazer a obra. Mas, se não houver dinheiro, porque é que o Estado não há de apoiar a associação?”, questionou o autarca, em declarações aos jornalistas após uma reunião com o representante da APOHSJ.

Para Rui Moreira, a Associação Joãozinho, que iniciou a construção da Ala Pediátrica em 2015 com fundos privados, “pode ser um excelente veículo para resolver o que o Estado não tem conseguido resolver”, atingindo um “nível do intolerável” ao manter o internamento pediátrico em contentores provisórios desde 2011.

A CDU do Porto, representada na autarquia com uma vereadora, defendeu na quinta-feira uma “resposta integralmente pública” para a construção da ala pediátrica do hospital de São João, criticando a disponibilidade da câmara para apoiar o projeto da associação Joãozinho.

“A CDU demarca-se e critica a recente posição do presidente da Câmara do Porto pois aponta um caminho que contribuirá para mais atrasos neste processo, retrocedendo e apoiando soluções falhadas que, em troca de um disfarçado mecenato, tendem a longo prazo a hipotecar os direitos dos utentes, dos cidadãos e a prejudicar o SNS”, vincou o partido em comunicado.