Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, Artur Correia disse que 28 pessoas que estão na China manifestaram interesse em viajar para Cabo Verde, sendo que 20 já estão no país, faltando mais oito que deverão chegar nos próximos dias.

Entre as pessoas que vão regressar de várias províncias da China, à exceção de Wuhan, o epicentro do vírus, prosseguiu o responsável de saúde, estão estudantes cabo-verdianos e cabo-verdianos residentes na China, mas também chineses.

“Todas as pessoas que regressarem da China são acompanhados, quer presencial, quer telefonicamente, diariamente pelos delegados de Saúde e pelas unidades sanitárias em cada concelho”, referiu Artur Correia, garantindo que todas as estruturas de saúde do país estão minimamente preparadas para o acompanhamento rigoroso de todos os casos.

O diretor nacional de Saúde disse que, após a constatação a nível internacional da gravidade da situação da epidemia do novo coronavírus na China, Cabo Verde também entrou em “modo emergencial”, e todos os serviços públicos de saúde foram alertados.

Também se acionou uma equipa técnica de intervenção rápida, e uma série de medidas começaram a ser tomadas, no sentido de uma preparação, de acordo com as normas técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS), concretizou o médico.

“Neste momento, todas as estruturas sanitárias do país já dispõem de normas técnicas, tanto em aspetos organizacionais e funcionais, para consolidar essa fase de preparação, para uma eventual epidemia”, prosseguiu.

O mesmo responsável adiantou ainda que o país reforçou os níveis de vigilância nos pontos de entrada, com especial destaque para os aeroportos internacionais, onde as pessoas provenientes da China recebem uma triagem para descartar casos suspeitos e sintomáticos, medidas protetoras, informação e aconselhamento a nível domiciliar.

Relativamente ao isolamento das pessoas provenientes da China, Artur Correia reforçou que a Constituição não permite internamentos compulsivos e nem a OMS está a recomendar quarentena aos países, embora alguns já estejam a fazê-lo.

O diretor nacional de Saúde disse igualmente que o Gabinete de Assuntos Farmacêuticos já começou os preparativos para dotar o país de materiais e equipamentos de proteção individual, para pelo menos seis meses.

“Começámos a mobilizar desde a semana passada todos os equipamentos de proteção individual e outros existentes no país e ao mesmo tempo acionamos a importação de mais para um período de seis meses”, revelou.

Cabo Verde já tem também uma linha telefónica, em parceria com a Proteção Civil – 800 11 12 – para apoiar, nesta primeira fase, todos os regressados da China, para aconselhamento e encaminhamento para as estruturas de saúde, em caso de necessidade.

O diretor nacional de Saúde apelou a todos ao “cumprimento escrupuloso” de todas das recomendações, mas também à serenidade, a afastar o pânico e apostar na prevenção.

Artur Correia disse que Cabo Verde ainda não detetou nenhum caso suspeito e que o diagnóstico será feito no Instituto Pasteur, no Senegal, ou no Instituto Ricardo Jorge, em Portugal.

Na China estudam cerca de 350 cabo-verdianos, 15 dos quais estão em quarentena em Wuhan, principal foco do surto.

O número de mortos provocados pelo novo coronavírus (2019-nCoV) subiu hoje para 490 e os infetados são agora mais de 24 mil, desde que foi detetado em dezembro passado, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei (centro), anunciaram as autoridades de saúde de Pequim.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.