“Vemos números diferentes de mortalidade por covid-19 entre os países e, apesar de não comentarmos essas mesmas diferenças, […] admitimos que uma possível justificação está relacionada com as políticas [dos Estados-membros] referentes aos testes”, apontou Stefan de Keersmaecker, porta-voz do executivo comunitário para a saúde pública, falando na videoconferência diária da instituição, a partir de Bruxelas.

Segundo o responsável, “outras razões podem estar relacionadas com o facto de diferentes Estados-membros adotarem medidas diferentes e também com a capacidade dos sistemas de saúde”, elementos estes que “devem ser tidos em conta” na comparação dentro da UE.

“O que é importante salientar é que, no contexto do roteiro europeu que foi criado, […] uma das principais questões a considerar para levantar as restrições é assegurar que existem medidas consolidadas para a realização de testes” na população, bem como “dados confiáveis” sobre o total de infetados e mortes, vincou Stefan de Keersmaecker.

O porta-voz salientou, por isso, que “os Estados-membros têm a responsabilidade de assegurar que existem formas corretas de contagem e de despistagem”.

A Bélgica, por exemplo, atingiu hoje um total de 39.983 casos confirmados por testes de laboratório, e 5.828 mortes desde o primeiro caso de covid-19 registado no país, em 04 de fevereiro, sendo esta a taxa de mortalidade por milhão de habitantes mais elevada na Europa.

Face a estes dados, o Governo belga já teve de prestar justificações e argumenta que tal se deve ao facto de ser “transparente” e contabilizar as mortes como nenhum outro país o faz.

Segundo a primeira-ministra, Sophie Wilmès, a Bélgica “optou pela maior transparência na comunicação das mortes ligadas ao covid-19″, ainda que isso signifique incluir “números por vezes sobrestimados” relacionados com óbitos em lares e casas de repouso.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.