Nenhum dos irmãos Kahn, que nasceram em Nova Iorque no início do século passado, se importava de facto com hábitos de vida saudáveis. Fumavam, ingeriam bebidas bebidas alcoólicas e não eram propriamente ativos. Mesmo assim, viveram até aos 102, 107, 109 e 110 anos.
A irmã mais velha, Helen, fumou compulsivamente durante mais de 90 anos. "Ela dizia que o segredo da sua longa vida era precisamente o tabaco", contou à BBC Nir Barzilai, diretor do Instituto para Investigação do Envelhecimento da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova Iorque.
Barzilai coordena desde 1998 o projeto "Genes da Longevidade", um consórcio científico que investiga o material genético de 670 cidadãos e seus descendentes.
Do estudo fazem parte judeus asquenazes - provenientes da Europa Central e de Leste e cujo material genético é historicamente mais homogéneo.
Os segredos genéticos da longevidade
Na época da recolha das amostras, os voluntários do estudo tinham idades entre os 95 e os 112 anos, e eram saudáveis. Boa parte, como os irmãos Kahn, já morreu, mas os seus genes continuam a trazer novas dados sobre os segredos genéticos da longevidade. "Fico fascinado por pessoas como os Kahn. Intriga-me como a idade cronológica de alguns parece não combinar com a biológica", comenta Barzilai. "E em cidadãos centenários, já temos evidências de que a genética tem um papel muito maior do que o fator ambiental".
Entre os centenários do estudo, 30% das mulheres e 60% dos homens fumaram durante a maior parte da vida. Além disso, 50% eram obesos e 50% eram sedentários. Mesmo assim, eram mais saudáveis que os restantes indivíduos do grupo de controlo.
O cientista conclui ainda que população mundial de centenários está a crescer. Se em 1990 havia 2,9 centenários por cada 10 mil adultos, em 2015 a proporção era de 7,4 para 10 mil, segundo dados da Organização das Nações Unidas.
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