“Aguardo que o MP faça o seu trabalho não só sobre o lar de Reguengos [distrito de Évora], mas sobre outros lares em que circunstâncias muito complicadas surgiram. Hoje estou em Matosinhos [distrito do Porto] onde o Lar do Comércio é outro dos lares que precisa dessa investigação do MP”, disse.

A bloquista falava aos jornalistas no final de uma visita ao centro de dia, ainda fechado, do Centro de Apoio à Terceira Idade (CATI), em São Mamede de Infesta, em Matosinhos, distrito do Porto.

É importante que a investigação seja feita porque o país não se pode resignar com tragédias, nem achar normal que os mais vulneráveis sejam expostos, frisou.

O surto de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 pessoas (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Posteriormente, num relatório de auditoria conhecido em 06 de agosto, a Ordem dos Médicos disse que o lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à Administração Regional de saúde (ARS).

A Procuradoria-Geral da República disse depois à Lusa que foi instaurado um inquérito sobre o surto de covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da Ordem.

Já o Lar do Comércio, em Matosinhos, descontaminado pelo Exército Português, teve mais de 100 infetados com covid-19, 24 dos quais acabaram por morrer.

Na sequência da situação deste lar, o MP instaurou um inquérito e um familiar de uma utente que morreu com covid-19 apresentou queixa, por alegada prática de vários crimes, e requereu a suspensão de funções dos órgãos sociais.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 787.918 mortos e infetou mais de 22,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.788 pessoas das 54.992 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.