A melioidose, também conhecida como doença de Whitmore, tornou-se há muito endémica na Ásia Meridional e Oriental, no Pacífico e no norte da Austrália.

Mas uma nova análise internacional sugere que a doença está presente também em faixas da América do Sul e na África subsaariana e provavelmente na América Central, sul de África e Médio Oriente.

"As nossas estimativas sugerem que melioidose é severamente sub-relatada nos 45 países em que é conhecida por ser endémica e é provavelmente endémica em mais 34 países que nunca relataram a doença", afirma em relatório a equipa de investigadores liderados pela Universidade de Oxford, o Mahidol Oxford Tropical Medicine Research Unit (MORU) em Banguecoque e a Universidade de Washington em Seattle.

O documento foi publicado esta segunda-feira na revista Nature Microbiology.

É a primeira vez que os cientistas tentaram mapear a propagação global da doença com base em dados de surtos conhecidos desde 1910.

A doença, que frequentemente afeta a população rural de baixo rendimento que trabalha nos campos, é notoriamente difícil de diagnosticar porque 'imita' muitas outras infeções bacterianas, mas só responde a um punhado de antibióticos. Como resultado, o erro de diagnóstico é comum.

A taxa de mortalidade - em torno de 70 por cento - é alta, maior que a da gripe aviária H5N1.

Os cientistas estimam que mais de 89.000 pessoas das 165.000 pessoas que desenvolveram melioidose em 2015 morreram vítimas da doença.

A doença é causada pela bactéria Burkholderia pseudomallei, que está presente no solo e pode entrar no corpo através de cortes na pele, bem como pela sua inalação.

Na Tailândia, as vítimas mais frequentes são os produtores de arroz que trabalham dezenas de horas nos campos.