Os Laboratórios do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa foram esta manhã alvo de um ataque informático.

"Tive dificuldades de comunicação com os nossos postos de colheita e mandei os nossos informáticos ver o que se passava", começou por dizer o administrador e fundador do grupo Germano de Sousa, que admite que "não se sabe nada sobre a origem do vírus", não havendo para já qualquer pedido de resgate.

As investigações preliminares do departamento informático dos laboratórios sugerem que o ataque afetou as comunicações do Centro de Medicina Laboratorial com os postos de colheita da região de Lisboa e Sul do país, sendo que o Norte do país não parece ter sido afetado.

"Os informáticos viram que tínhamos um vírus do tipo ransomware que estava a perturbar as nossas comunicações com os postos de colheita e com os grupos [de saúde] com quem trabalhamos", explicou Germano de Sousa ao SAPO Lifestyle.

Este super laboratório quer descobrir nos genes o calcanhar de aquiles do cancro
Este super laboratório quer descobrir nos genes o calcanhar de aquiles do cancro
Ver artigo

"Tanto quando eu saiba, as nossas bases de dados foram preservadas de maneira que o risco é diminuído", adiantou. "Os dados dos doentes foram preservados", asseverou o médico, referindo que os laboratórios possuem todos os dados em duplicado através de um sistema redundante.

A equipa de cibersegurança do grupo "está em estreita articulação com todas as autoridades competentes, nomeadamente, a Polícia Judiciária, a CNPD [Comissão Nacional de Proteção de Dados] e o Centro Nacional de Cibersegurança", adianta a rede em comunicado.

Postos de colheita a funcionar

Apesar do ataque, os laboratórios e postos de colheita do grupo Germano de Sousa em todo o país continuam a trabalhar normalmente, sendo que os registos estão a ser feitos numa primeira fase manualmente.

"A rapidez com que os resultados são feitos não está afetada, o que pode perturbar é o envio, porque nós enviamos tudo por mail", referiu, acrescentando: "Isso pode eventualmente atrasar um pouco e estamos a ver como resolver a situação com um novo sistema que estamos a pôr de pé".

"Os informáticos dizem-nos que, com um pouco de sorte, até ao final do dia o problema pode estar resolvido", afirmou.

Segundo o proprietário da rede de laboratórios, que foi também Bastonário da Ordem dos Médicos, as ligações informáticas com os hospitais da CUF, dos quais são parceiros laboratoriais, foram suspensas por "uma questão de segurança".

“Gosto de acordar e saber que continuo a servir o doente e não a servir-me do doente”
“Gosto de acordar e saber que continuo a servir o doente e não a servir-me do doente”
Ver artigo

"Nós temos vários laboratórios em vários hospitais com os quais trabalhamos. Os laboratórios continuam a funcionar, como é evidente. Agora as nossas ligações foram cortadas para proteger também os hospitais, para impedir qualquer contaminação", adiantou.

Vaga de ataques informáticos

Na segunda-feira, a Vodafone Portugal foi alvo de um ciberataque sem precedentes que está a afetar a sua rede, e que chegou a perturbar o funcionamento de várias unidades de saúde em todo o país, incluindo corporações de bombeiros e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

A 2 de janeiro, o grupo Impresa, dono da SIC e do Expresso, tinha sido alvo de um ataque informático.

Ontem, a Trust in News, que detém a revista Visão e outros 14 títulos, foi alvo de uma tentativa de ciberataque, mas "nenhum sistema crítico foi comprometido", divulgou a empresa de média.