A primeira Associação Portuguesa de Investigação em Cancro vai ser lançada na segunda-feira, no Porto, com o objetivo de ocupar “um espaço que estranhamente continua vazio em Portugal”, o da coordenação da investigação multidisciplinar em cancro.

Em declarações hoje à Lusa, Leonor David, presidente da comissão instaladora da nova estrutura, considerou que “é muito importante que em Portugal exista uma associação deste tipo, que permitirá também fazer um diálogo europeu, ter interlocutores na discussão que se vai fazer nos próximos anos sobre investigação em cancro e na definição de estratégias para esta área”.

Leonor David, que é também professora da Faculdade de Medicina do Porto e investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, salientou que a associação vai permitir que “a comunidade científica que trabalha em cancro e que vem da bioquímica, da física ou da medicina se encontrem. A ideia é constituir um espaço de discussão interdisciplinar das pessoas que trabalham em cancro”.

“No encontro de segunda-feira vamos ter duas pessoas que têm desenvolvido sistemas para visualização imagiológica de cancro em fases precoces, que é uma coisa importantíssima. Se calhar, é uma das grandes conquistas na área do cancro dos últimos anos. Fazem investigação, tem feito desenvolvimento tecnológico nessa área e a comunidade médica portuguesa não conhece isso”, disse.

Leonor David salientou ainda um outro aspeto relacionado com o desconhecimento em relação ao investimento que se faz por ano em investigação oncológica em Portugal.

“Não conseguimos saber quanto dinheiro é investido e, sendo muito complicado discutir o financiamento entre áreas, temos de perceber se estamos em níveis ridículos de financiamento ou não”, acrescentou, admitindo que, “sendo muito otimista, o total do investimento anual deve rondar os cinco ou seis milhões de euros, o que é muitíssimo baixo”.

A Associação pretende, concretamente, desempenhar um papel central na articulação, nacional e internacional, das atividades de investigação em cancro, agregando quem trabalha nesta área independentemente da sua formação disciplinar e profissional.

Para além de constituir um ponto de encontro para os investigadores, a associação vai contribuir para o conhecimento e divulgação da investigação feita em Portugal, criando as condições para que a população e as agências públicas de financiamento científico e de prestação de cuidados de saúde, incorporem a necessidade de se ter em Portugal investigação científica que informe as decisões politicas e assegure a difusão do conhecimento.

Para o lançamento da iniciativa, que conta com a participação de 200 investigadores de todo o país e de diversas instituições, foram convidados o investigador e oncologista português que trabalha em Cambridge, Carlos Caldas, que, “como muitos portugueses a trabalhar no estrangeiro, pode e quer contribuir para o sistema de investigação nacional” e o presidente European Association for Cancer Research (EARC), Julio Celis.

A reunião para o lançamento da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (Membro da European Association for Cancer Research – EACR) decorrerá na Fundação engenheiro António de Almeida, no Porto.

26 de outubro de 2012

@Lusa