Emília Rito apontou como um dos grandes desafios a criação da especialidade de enfermeiro oncológico, recordando a carta que a AEOP enviou em outubro para os ministérios da Saúde e da Educação para “sensibilizar a comunidade política para a premência de criar esta especialidade”

“Estes profissionais têm um papel determinantes no apoio aos doentes e às suas famílias e cuidadores”, sublinhou Emília Rito, que falava na sessão de abertura do 16.º Congresso Nacional de Oncologia, que decorre até sábado no Centro de Congressos do Estoril.

Também na sessão de abertura, o presidente da secção Regional Norte da Ordem dos Médicos, António Araújo, disse que a Ordem está “muito preocupada” com o setor e lamentou que no debate parlamentar de quarta-feira tenha unicamente sido abordado o financiamento na saúde.

“Se o financiamento é algo importante, porque cria constrangimentos que põem em causa os cuidados prestados, deve falar-se também de reorganização da politica de recursos humanos e dos aparelhos pesados dos hospitais e isto tem sido passado para quarto ou quinto lugar”, afirmou.

A diretora-geral da Saúde, que representou a ministra da Saúde, sublinhou a necessidade de apostar no aumento da cobertura populacional de rastreios “bem desenhados e bem escolhidos”, lembrando os grandes números da doença oncológica em Portugal - 50.000 novos casos/ano -, sublinhando que o cancro é “a primeira causa de morte prematura em Portugal”

“As alterações demográficas e o desenvolvimento de cuidados de saúde em Portugal só contribuirão para mais casos, mais prevalência, pois os doentes tendem a sobreviver mais do que no passado” disse Graça Freitas, sublinhando a necessidade de desenhar estratégias para redução de risco.

O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas disse que a previsão do aumento da incidência da doença entre 2010 e 2030 é de 12%, com aumento de custos em 17%.

O Congresso é organizado pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), cujo presidente salientou no início da sessão de abertura os avanços nos diagnósticos e no tratamento da doença oncológica, frisando que trazem outros desafios.

“Precisamos de estar preparados”, disse Paulo Cortes, frisando a necessidade de um “um conhecimento preciso da realidade e da equidade de aceso aos melhores cuidados de saúde”.

Na sessão de abertura foi igualmente entregue, a título póstumo, o Prémio Carreira em Oncologia a Margarida Damasceno, anterior presidente da SPO.