
Quando o governo australiano aumentou para 10% o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), os produtos de higiene supostamente benéficos para a saúde, como os preservativos e protetores solares, ficaram isentos do mesmo, assim como a maioria dos alimentos. De fora dessa isenção ficaram os tampões femininos, pensos higiénicos e outros produtos de utilização feminina.
Denunciado como "sexista" pelos defensores dos direitos das mulheres, o imposto foi, desde então, alvo de disputas entre o governo e as administrações dos estados australianos que beneficiaram durante 18 anos do dinheiro arrecadado pela taxa.
O ministro australiano da Saúde, Michael Wooldridge, chegou a dizer, em 2000, que os tampões não estariam isentos de IVA, porque "não previnem doenças". "Como homem que sou, gostaria que a espuma de barbear estivesse isenta, mas não espero que isso aconteça", afirmou em entrevista à televisão pública ABC, provocando uma enxurrada de críticas.
Campanhas acérrimas contra o imposto
Foram lançadas campanhas com o lema "Parem de taxar a minha menstruação!" e surgiram grupos de militantes como "as vingadoras da menstruação".
No entanto, o partidários da isenção estavam espalhados por todo o espectro político. Hoje, por unanimidade, os ministros regionais das Finanças decidiram abolir o imposto a partir de janeiro de 2019, após aceitarem renunciar a cerca de 30 milhões de dólares australianos (18,59 milhões de euros) anuais de receita fiscal.
"A história [da taxa] é longa e tortuosa", declarou a ministra australiana da Mulher, Kelly O'Dwyer. "Fico satisfeita em anunciar que conseguimos. Os estados e territórios uniram-se e milhões de australianas vão beneficiar da medida", afirmou.
A coaligação conservadora no poder procura reconquistar o eleitorado feminino, após uma série de denúncias de assédio sexual apresentadas por deputadas contra cargos eleitos do seu partido.
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