Paulo Magalhães, da ZERO, explicou que a ação tem como “maior objetivo” mostrar que todos podem medir o ruído ambiental, com uma margem de erro de dois decibéis (dBA) em relação a aparelhos certificados. “É um estímulo ao exercício da cidadania e [serve para] mostrar que qualquer cidadão pode intervir na causa pública”, comentou Paulo Magalhães.

Os efeitos da poluição sonora na saúde são muitos e podem aumentar o stress, provocar a perda de audição ou até mesmo favorecer o número de mortes por enfarte. De acordo com das da Organização Mundial de Saúde (OMS), 210 mil pessoas morrem de enfarte todos anos por exposição contínua a ruídos elevados.

No penúltimo dia da Semana Europeia da Mobilidade, outros quatro elementos da ZERO vão utilizar ‘smartphones’ e uma aplicação gratuita para avaliar o ruído em zonas de muito trânsito em Lisboa (Campo Grande), Faro (Avenida Calouste Gulbenkian), Funchal (Avenida Calouste Gulbenkian) e em Leiria (Praça da República).

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“Esta não será uma medição legal”, notou a mesma fonte à agência Lusa, explicando que a ação visa mostrar as “tecnologias ao dispor” das pessoas e que podem dar noção dos ruídos de zonas críticas das cidades.

Paulo Magalhães recordou que as medidas para minimizar esses ruídos também passam pelos cidadãos, que podem optar, por exemplo, por transportes públicos. “Além da poluição atmosférica” provocada pelo trânsito, as pessoas também devem estar cientes da questão do ruído, concluiu.

As medições da ZERO registadas vão ficar disponíveis no site: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1m0dR9MiJzfFCm06r8FPjhBko9klvtXTR6xq5eFyvzv8/edit?usp=sharing.

Como sugestão de aplicação, a organização indicou a NoiseTube Mobile, que pode ser descarregada gratuitamente para telemóveis Android ou iOS.

Segundo a ZERO, os níveis de ruído ambiente nas denominadas zonas mistas não deverão ultrapassar 65 dBA durante o dia e os 55 dBA entre as 23:00 e as 07:00. Em zonas de escolas, hospitais, jardins ou exclusivamente residenciais, que deveriam estar classificadas como zonas sensíveis, os níveis deverão ser 10 dBA abaixo dos verificados em zonas mistas.

Em março de 2016, num levantamento solicitado à Agência Portuguesa de Ambiente e recebido e divulgado pela ZERO, havia 144 municípios no Continente sem mapas de ruído e apenas cinco municípios com medidas de redução.

“Também no que respeitava a mapas estratégicos de ruído de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e a planos de ação (para redução de ruído), o incumprimento da legislação era grave”, sublinhou a ZERO.