A Associação da Indústria Farmacêutica (Apifarma) propôs ontem ao executivo um aumento do preço dos medicamentos que estão abaixo da média europeia, contrariando o anúncio recente de descida de preços prevista já para Abril.
A proposta de aumento de preços foi apresentada ontem pelo presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, ao secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, que terá dito que "vai pensar" na sugestão, depois de, na semana passada, ter anunciado uma descida de preços.
Para João Almeida Lopes, uma nova redução nos preços – "a quarta em onze meses" – pode ser muito prejudicial para o sector, até porque em Portugal a maioria dos medicamentos já são mais baratos que os valores praticados nos países de referência (Espanha, Itália, França e Grécia).
Lembrando a legislação que estipula que o valor dos remédios em Portugal deve corresponder à média dos preços praticados nos países de referência, João Almeida Lopes entende que o que faz sentido neste momento é que alguns preços subam.
"Nós gostaríamos que os que estão abaixo da média pudessem subir para a média", admitiu o presidente da Apifarma em declarações à agência Lusa no final do encontro com o secretário de Estado.
A Apifarma apresentou essa proposta ao secretário de Estado e a equipa ministerial "disse que vai pensar", reproduziu João Lopes, que saiu da reunião com a sensação de que "há claramente uma recetividade da parte do Ministério da Saúde a alguns dos pontos" da indústria farmacêutica.
"Em média nós estamos abaixo dos países de referência, portanto haveria mais medicamentos eventualmente a subir e menos a descer", disse o responsável.
No entanto, as declarações mais recentes emitidas pelo Ministério da Saúde vão exatamente no sentido oposto. Na semana passada, o secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, anunciou que o preço dos medicamentos iria baixar em abril e que até 15 de março o Ministério da Saúde teria definir os novos preços.
Na altura, Óscar Gaspar frisou que era "um dado seguro" que os medicamentos iriam "ficar mais baratos", explicando, no entanto, que cabe à indústria comunicar o preço que pretende praticar. No entanto, garantiu que não seriam aceites preços acima da média dos países de referência.
Já do lado da Apifarma a hipótese de continuar a descer os preços é vista com "preocupação": "Com esta quantidade de descidas que se sucederam ao longo de 2010, Portugal tem, em média, os preços abaixo dos países de referência".
João Almeida Lopes defende que as comparações com os países de referência "não devem ser feitas apenas em baixa, mas também em alta": "Os tempos não são fáceis mas convêm ter algum cuidado com as medidas que se tomam, não podemos assistir sempre a cortes cegos na área da saúde".
Contra mais uma descida de preços, a Apifarma acena com o risco de "mais desemprego, menos desinvestimentos e mais deslocalizações" na indústria farmacêutica.
02 de março de 2011
Fonte: LUSA/SAPO
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