8 de dezembro de 2013 - 16h38
Uma amostra de sangue passado por um pequeno filtro de plástico podia, em muitos casos, substituir biópsias na deteção de cancros, segundo um hematologista francês, que vai utilizar a descoberta para testar pacientes no início de 2014.
Segundo a agência Efe, o princípio da descoberta – que o especialista em sangue pretende comercializar dentro de meses – baseia-se no facto de as células cancerosas permanecem à superfície ao passar pelo filtro, podendo assim ser analisadas com mais facilidade e a um custo mais baixo do que uma biópsia, disse o hematologista Ivon Cayre, em declarações ao jornal Le Parisien.
Segundo os cálculos deste investigador da universidade Pierre e Marie Curie de Paris, pelo menos 60% das biópsias podiam ser substituídas por uma simples amostra de sangue, exceto quando as células tumorais forem raras, o que obriga a fazer biópsia.
O preço do tubo de plástico que serve de filtro, mas que ainda não tem nome, não ultrapassará os 200 euros, segundo refere Serge Kraïf, diretor da Biocare Cell, uma estrutura formada para lançar e comercializar o projeto daqui a “cinco ou seis meses”.
Ivon Cayre referiu ainda o facto de a colheita de uma amostra sanguínea ser menos invasiva que a realização de uma biópsia, além de que esta “não está adaptada às novas terapias personalizadas contra o cancro”.
A razão é a particularidade das células tumorais por serem elas que têm anomalías genéticas. E com a pressão destes novos tratamentos seletivos essas anomalías sofrem mutações. Para fazer um seguimento, não se pode fazer uma biópsia de cada vez”, acrescentou.
Por outro lado, o dispositivo abre perspetivas para descobrir anomalías fetais, como doenças genéticas do tipo da trissomia 21. Quer dizer que o filtro de sangue podia substituir, no futuro, a amniocentese, para a qual há que extrair uma amostra de líquido amniótico durante a gravidez com os riscos que implica.
Lusa