A Direção-Geral da Saúde interroga-se como poderá cumprir a determinação legal de avaliar o impacto dos campos magnéticos na saúde humana, porque quotidianamente as pessoas estão envolvidas em radiações, revelou ontem um responsável.

“Estamos com dificuldades em perceber como fazer, mas vamos ter de o fazer”, afirmou José Robalo, subdiretor-geral da Saúde, ao participar esta tarde, em Coimbra, numa conferência comemorativa do Dia Mundial da Saúde Ambiental.

O responsável revelou à agência Lusa que a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a fazer reuniões periódicas com peritos da área da epidemiologia e dos campos eletromagnéticos “para perceber como se pode fazer esse acompanhamento”.

Na sua perspetiva, “o acompanhamento pode-se fazer de diversas formas”, mas, para se obter informação suplementar, “os estudos têm de ser muito bem controlados”.

Para José Robalo, a questão é escolher a população para esse estudo e depois “fazer um seguimento muito próximo” dessa população.

“Vai conseguir obter-se algum resultado, mas não é fácil porque as patologias que estão referenciadas como desenvolvidas dos campos eletromagnéticos são evidências muito pequenas”, salientou.

De acordo com o subdiretor-geral da Saúde, sendo essas evidências muito pequenas e não se conseguindo até agora aumentar essas evidências com os estudos experimentais em animais, será difícil medir o seu impacto na saúde humana.

Manifestando-se convicto de que os peritos que estão a trabalhar com a DGS irão encontrar uma solução para essa medição dos impactos dos campos eletromagnéticos, ressalvou que ela não se poderá fazer a nível nacional.

Terá de ser – acrescentou - uma avaliação de acompanhamento de uma população específica, “que possa dar alguma informação sobre esta matéria”.

A dificuldade cresce pelo facto de não haver um “grupo de controlo”, que não esteja exposto, porque diariamente as pessoas estão em contacto com esses campos eletromagnéticos, seja no uso de um eletrodoméstico, de um telemóvel ou num diagnóstico médico.

“É difícil arranjar um grupo comparador, um grupo que está exposto e outro que não está, e essa é a grande dificuldade”, observou.

José Robalo diz que é preciso saber qual é a população que vai ser avaliada, aquela “que vai ser mais bem observada, para se ter a certeza se existe ou não impacto dos campos eletromagnéticos na saúde humana”.

Segundo o responsável, em estudos internacionais as “evidências são muito pequenas” entre a exposição e o surgimento de tumores cerebrais e experiências em animais não as conseguiram comprovar.

O subdiretor-geral da Saúde participava esta tarde numa conferência organizada pelo Departamento de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), onde esteve igualmente presente Mário Grácio, diretor-geral da Agência Portuguesa do Ambiente.

Mário Grácio, reportando-se ao período de crise e aos cortes financeiros, lançou o repto para que qualquer decisão restritiva nesta área avalie também os “custos da inação”, além de olhar para os custos da prevenção e da reparação.

27 de setembro de 2011

Fonte: Lusa