“As urgências do Fernando Fonseca não correspondem a uma escala mínima. As maternidades do país deviam ter oito equipas com cinco elementos para cobrir todo o mês. Há hospitais que tiveram de passar para sete equipas. O Fernando Fonseca passou para seis equipas com quatro elementos e fazem sete bancos de 24 horas em cinco semanas. É de todo ilegal”, declarou à agência Lusa o presidente da secção regional do Sul da Ordem dos Médicos.
Alexandre Valentim Lourenço indica que em 50 fins de semana, os médicos da urgência de obstetrícia do Amadora-Sintra “estão ocupados em 30 fins de semana”.
Este é um dos exemplos do esforço dos médicos feito nas maternidades do sul do país, que tem ocorrido ao longo do ano e que se agrava no período de verão, quando é necessário suprir férias de colegas.
“Em agosto, nas maternidades do Sul, temos maior quantidade de equipas que têm menos gente. E não existe conhecimento, entre os profissionais, do que está a acontecer nas outras maternidades de forma prévia, não existe concertação”, critica Valentim Lourenço.
Durante o último mês e em agosto aumentaram as transferências de grávidas entre hospitais e os tempos de espera estão a ser mais prolongados.
O representante da Ordem dos Médicos avisa que as maternidades estão já a ultrapassar a situação limite, com profissionais a fazerem um “esforço sobre-humano” e a fazerem num mês mais de 100 horas de serviço de urgência além do habitual.
Alexandre Valentim Lourenço, que é médico obstetra, alerta que as equipas estão esgotadas e que há até médicos a desistir do sistema, como o caso de um diretor de obstetrícia que pediu reforma compulsiva aos 59 anos.
Em entrevista à agência Lusa, Alexandre Valentim Lourenço queixou-se da ausência de medidas da tutela para resolver os problemas identificados pelos profissionais, sobretudo em relação ao período do verão, depois de em final de junho terem sido apresentadas propostas pela Ordem.
“Estamos a viver a síndrome da avestruz. Pomos a cabeça na areia para fingir que o problema não existe. E problema está a agravar-se e qualquer dia a avestruz morre. Não se reconhecem os problemas e não se faz esforço. Não se recompensam os profissionais pelo esforço sobre-humano que fazem”, lamentou o representante da Ordem na região Sul, onde a falta de profissionais nas maternidades é mais sentida.
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