“Projetamos que, no final de abril, vamos começar a ver países a ultrapassarem a marca das 10 mil infeções”, disse hoje, em Adis Abeba, o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong.

John Nkengasong, que falava aos jornalistas no ‘briefing’ semanal sobre a progressão da doença no continente, adiantou que 49 países africanos somam hoje 6.213 infeções pelo novo coronavírus, das quais resultaram 221 mortes e 469 recuperações.

Neste contexto, o diretor do África CDC destacou os países onde o número das infeções é já na ordem das centenas: Argélia, Burkina Faso, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Egito, Gana, Maurícias, Marrocos, Senegal, África do Sul e Tunísia.

“Sempre dissemos que África ainda está a testemunhar a madrugada da pandemia. Teremos um pico, mas não consigo dizer se dentro de duas semanas ou uma semana ou menos, porque há muitos fatores que podem determinar isso. África não é um país, mas um continente e vamos ver vários países a terem o seu pico em níveis diferentes”, disse.

John Nkengasong considerou que “é apenas uma questão de tempo” até a doença se instalar nas comunidades e provocar “uma explosão de infeções”.

O diretor do África CDC assinalou que quase metade dos países estão já a reportar casos de transmissão local da doença, sublinhando a importância de levar a sério as medidas de higiene, distanciamento social, quarentena ou recolher obrigatório que muitos países estão a adotar.

“Devemos encorajar e levar o distanciamento social a sério, particularmente neste período em que os países estão a fechar as suas capitais e outras grandes cidades. Devemos colaborar com as autoridades para que estas medidas possam ser implementadas”, disse, apelando para a cooperação das populações.

John Nkengasong passou ainda em revista as medidas de apoio do África CDC aos países membros, apontando nomeadamente o trabalho conjunto da rede de instituições públicas de saúde dos estados membros (Task Force Covid-19) ou a formação e apoio técnico que está ser prestado, à distância, aos Estados-membros, em questões como o diagnóstico laboratorial, monitorização, prevenção e controlo da doença.

O África CDC distribuiu também 40 mil testes em 30 países e, em breve, irá distribuir mais 10 mil, numa doação do Governo da China.

O número de infeções pelo novo coronavíurus em África ultrapassou hoje a marca dos 6.000 casos (6.313), registando-se 221 mortes em 49 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente africano.

O norte de África mantém-se como a região mais afetada pela doença com 2.587 casos, 147 mortes e 286 doentes recuperados.

Na África Austral, são 1.467 os casos registados da doença, que já provocou nove mortes, tendo 34 doentes recuperado da infeção.

Na África Ocidental, há registo de 1.190 infeções, 34 mortes e 126 doentes recuperados.

Até ao momento, não foram anunciados quaisquer casos em São Tomé e Príncipe, Sudão do Sul, Comores, República Sarauí, Lesoto e Maláui.

Assim, São Tomé e Príncipe é o único país lusófono sem qualquer caso confirmado.

Angola regista oito casos, Moçambique 10 e a Guiné-Bissau nove.

Na Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, estão confirmados 15 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.