Os adolescentes que vivem em meio rural são mais sedentários e passam mais horas em frente ao televisor do que os adolescentes de proveniência urbana, mas, em contrapartida, apresentam um nível superior de aptidão cardiorrespiratória, revela um estudo realizado por uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC).

O estudo, denominado “Comportamento sedentário e dispêndio energético: influência de fatores biológicos, sociais e geográficos”, avaliou o dispêndio energético diário (atividade física) e o sedentarismo, em meio milhar de adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos, em escolas da Região Centro, considerando um conjunto de variáveis de estudo, nomeadamente, a maturação biológica, escalão etário, género, estatuto socioeconómico dos pais e a proveniência geográfica.

Outras conclusões da investigação, que teve a colaboração de investigadores das universidades do Texas e Michigan (EUA), Estadual de Londrina (Brasil), Saskatchewan (Canadá) e da University of Bath (England), mostram que o nível de sedentarismo nos adolescentes aumenta significativamente ao fim de semana, em ambos os sexos. Durante os dias de semana, o período pós-escolar manifesta-se desqualificado do ponto vista dos hábitos saudáveis e numa perspetiva de saúde pública, onde particularmente os adolescentes do género feminino se revelam mais inativos e sedentários, optando por eventos de caráter social associados a um diminuído dispêndio energético.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este estudo apela para «uma mudança de paradigma sobre a obesidade» porque, explica o coordenador, Aristides Machado-Rodrigues, «a etiologia da obesidade é multifatorial», adiantando que «até agora dava-se muita importância à fisiologia do exercício em detrimento da fisiologia do sedentarismo. Este estudo contribui para a definição de programas de intervenção na promoção de estilos de vida ativos com o objetivo de diminuir o lazer sedentário na adolescência, invertendo a tendência verificada nas últimas décadas sobretudo nos países do sul da Europa».

Os resultados da investigação, realizada ao longo dos últimos cinco anos, mostram igualmente que «é necessário haver uma cumplicidade social, ou seja, a missão de organizar e promover hábitos de exercício físico na adolescência não é exclusivamente da escola. A família, as autarquias e demais agentes sociais têm um papel muito relevante na promoção de hábitos saudáveis, especialmente neste período de enormes transformações morfológicas, psicológicas e até de interesses sociais e académicos como é a adolescência», sustenta o investigador da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.

Nesta pesquisa os investigadores utilizaram um desenho experimental multimétodo, recorrendo a uma técnica de self report (um diário de atividade física) e sensores de movimento para a monitorização do dispêndio energético diário.

8 de fevereiro de 2012

@Universidade de Coimbra