Em declarações aos jornalistas no hospital de São José, em Lisboa, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, afirmou que estes dados “demonstram bem a indignação dos enfermeiros para com o desrespeito com que o Governo está a tratar esta classe profissional”.

Sobre os serviços mais afetados devido à paralisação nacional de dois dias, que hoje se iniciou, o sindicalista apontou as consultas externas, os blocos de cirurgia nos hospitais e os centros de saúde, onde há cuidados que não estão a ser prestados.

10 doenças perigosas que não apresentam qualquer sintoma
10 doenças perigosas que não apresentam qualquer sintoma
Ver artigo

José Carlos Martins apelou aos enfermeiros para que, no turno da tarde de hoje e na sexta-feira, continuem a manifestar a sua indignação face à postura do Governo.

Adesão no Algarve

No Algarve, a adesão alcançou os 68% no Hospital de Faro, 75% no de Portimão e 87,5% no de Lagos, disse à agência Lusa fonte sindical.

As três unidades hospitalares da região pertencem ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e apresentam valores mais baixos do que os registados, por exemplo, no Serviço de Urgência Básica (SUB) de Loulé, onde a adesão “foi de 100%”, ou a Unidade de Saúde Familiar Levante, em Vila Real de Santo António, e o Centro de Medicina de Reabilitação do Sul, em São Brás de Alportel, que alcançaram “os 90%”, quantificou Nuno Oliveira, dirigente do SEP no Algarve.

“Em termos de consultas ainda estamos à espera de recolher mais dados, mas relativamente às cirurgias, estavam programadas 13 e foram adiadas 11, só se realizando duas, o que demonstra a grande adesão à greve no bloco operatório”, afirmou a fonte do SEP Algarve.

Relativamente às “cirurgias em ambulatório, foram todas adiadas”, referiu ainda Nuno Oliveira, sem precisar o número de intervenções que estavam previstas para hoje. “Estamos muito satisfeitos com a adesão à greve dos enfermeiros do Algarve, que lutam pela contratação de mais profissionais, porque faltam 500 na região para completar os quadros e os que estão ao serviço estão cansados devido à carga de trabalho que têm”, disse ainda o dirigente sindical, referindo-se a uma das principais reivindicações dos profissionais na região algarvia.

Os sindicatos dos enfermeiros deram início, às 08:00 de hoje, a dois dias de greve nacional para pressionar o Governo a apresentar uma contraproposta ao diploma da carreira de enfermagem.

Previsões de adesão "altíssima"

A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) Guadalupe Simões antecipou hoje que as expectativas dos profissionais para a adesão à greve, que teve início às 08:00, “são altíssimas”.

“As expectativas para a greve são altíssimas. (…) É uma greve convocada pela maioria dos sindicatos de enfermagem em torno daquilo que são as justas revindicações dos enfermeiros e contra o posicionamento do Governo”, disse Guadalupe Simões à Lusa pouco depois do início da paralisação.

"O Governo assumiu o compromisso de valorizar a carreira de enfermagem, de valorizar as funções de enfermeiro especialista e de enfermeiros na área da gestão e, vergonhosamente, a proposta que apresentou é ao arrepio dos compromissos assumidos e, portanto, não nos restou alternativa se não manter esta greve e apelar a uma adesão maciça dos enfermeiros", disse Guadalupe Simões.

Estas são as 10 formas mais embaraçosas de ir parar a um hospital
Estas são as 10 formas mais embaraçosas de ir parar a um hospital
Ver artigo

Numa reunião negocial que teve na terça-feira, a CNESE, comissão que reúne o SEP e o SERAM (Sindicato de Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira), teve “a oportunidade de oralmente repudiar a proposta apresentada pelo Governo, apesar de já o ter feito por escrito”, contou. “Face a esta posição por parte dos sindicatos, o Governo pondera apresentar uma nova proposta, mas a verdade é que, até agora, não aconteceu e, portanto, esta greve vai concretizar-se da mesma forma que o processo reivindicativo continuará, caso não haja alteração por parte do Governo desta posição”, salientou a dirigente sindical.

Reivindicações

Convocada por todos os sindicatos de enfermeiros (SEP, Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros e o SERAM), a greve, que começou às 08:00 de hoje e termina às 24 horas de sexta-feira visa ainda exigir a “justa e correta” contagem dos pontos para efeito do descongelamento das progressões na carreira, a todos os enfermeiros, independentemente do vínculo.

Reivindica também o pagamento do suplemento remuneratório aos enfermeiros especialistas, a admissão de mais profissionais de saúde, um salário mínimo de 1600 euros mensais, a possibilidade de chegar ao topo da carreira técnica superior, suplementos para funções de especialista, a criação de categoria na área da gestão e a aposentação antes dos 66 anos