13 de agosto de 2014 - 11h00
Os Açores terão dentro de dois anos os primeiros médicos especialistas em medicina legal, anunciou hoje o vice-presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), acrescentando que serão também realizados novos cursos na região.
"Dentro de dois anos teremos finalmente os primeiros médicos especialistas do quadro nos Açores, os quais já estão no segundo ano de internato", frisou João Pinheiro, vice-presidente do INMLCF, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o secretário regional da Saúde, em Angra do Heroísmo.
Segundo João Pinheiro, já dois internos manifestaram interesse em exercer a profissão nos Açores, sendo que uma das médicas que está a tirar a especialidade em medicina legal é mesmo natural do arquipélago.
No entanto, até que os internos terminem a especialidade, o instituto de medicina legal vai realizar novos cursos de formação para que médicos de outras especialidades fiquem habilitados a realizar autópsias, no âmbito de um protocolo com o Governo Regional dos Açores, que já não era atualizado desde 2000.
Para o vice-presidente do INMLCF, a dispersão das ilhas e a falta de recursos humanos são os principais entraves a que o instituto garanta um serviço com qualidade semelhante ao que é oferecido no continente português.
"A nossa maior pecha são de facto os recursos humanos, esta atividade tem de ser desenvolvida por pessoas com competências próprias", frisou, realçando que a medicina legal é uma especialidade médica.
Como o instituto não tem até ao momento "médicos suficientes" no seu quadro para cobrir o todo nacional, tem recorrido à prestação de serviços de médicos de outras especialidades com formação em medicina legal, existindo cerca de uma dezena nos Açores, seis em São Miguel e quatro na ilha Terceira.
O último curso deste género realizado nos Açores ocorreu há cerca de uma década, por isso o próximo para além de reforçar o número de peritos na região vai permitir aos médicos que atualmente realizam autópsias uma atualização de conhecimentos, segundo João Pinheiro.
O vice-presidente do instituto de medicina legal adiantou ainda que estão a contactar pessoas que já exerceram a atividade para que a retomem.
Com mais pessoas qualificadas e dispostas a exercer a atividade será possível, na opinião de João Pinheiro, "responder mais a tempo às perícias",
Por sua vez, o secretário regional da Saúde dos Açores, Luís Cabral, salientou que este curso vai permitir que os médicos das ilhas mais pequenas o possam frequentar, porque será dado por módulos, com várias deslocações dos formadores à região, evitando-se desta forma que os médicos fiquem sem dar consultas nas suas ilhas durante dois meses.
Por Lusa