A difteria é uma infeção bacteriana que afeta principalmente o nariz e a garganta. Se não for tratada, pode ser fatal. Hoje, é uma doença rara, porque a maioria das pessoas foi ou está vacinada. Mas não era assim em 1925 e um surto de difteria em Nome ameaçou esta localidade isolada durante o mais severo inverno do século.

Os médicos previram uma mortalidade de 100%, já que o lugar mais próximo com soro era Nenana, a 1.085 km de distância. Mas a 24 de janeiro, ficou decidido que um revezamento entre equipas de cães com trenós transportaria o soro de Nenana até Nome. É a única tentativa viável.

Cerca de vinte equipas de cães da raça husky foram posicionadas ao longo da rota. O troço exigiria 25 dias de viagem, tempo demais: as condições brutais de inverno estragariam o soro em apenas seis dias. Ou seja: os cães tinham de completar a jornada em menos de um quarto do tempo normal.

O primeiro desafio era fácil de perceber: não morrerem congelados. Os huskies siberianos têm uma segunda camada de pelos, de acordo com a patologista veterinária Kelly Credille. Isso forma uma espécie de proteção extra que retém o calor junto ao corpo, descreve a BBC.

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A maior parte dos condutores de trenós da Corrida do Soro de Nome, como ficou conhecida na história, sofreu de surtos de gangrena causados pelo frio nas mãos e rosto, uma consequência da exposição dos humanos ao frio extremo, já que, para proteger os órgãos vitais, o sangue acaba por se concentrar no centro do corpo, deixando as extremidades vulneráveis.

Por sua vez, os cães não perdem tanto calor pelas extremidades, já que os vasos sanguíneos nas patas retêm o calor, explica Dennis Grahn, da Universidade Stanford, na Califórnia.

A 31 de janeiro de 1925, os huskies já tinham viajado 274 km, partindo de Nome, para ir ao encontro do carregamento de soro. Faltavam dois dias para que o material expirasse.

Trabalhando em equipa, os cães navegaram em condições extremas, conseguindo ficar a 146km de Nome. Ali, outro piloto, Gunnar Kaasen, assumiu o transporte, com uma matilha liderada pelo huskie Balto que chegou ao seu destino com meio dia de vantagem, salvando 10 mil vidas.

Hoje, há uma estátua de Balto no Central Park, em Nova Iorque, algo um pouco injusto para os historiados, porque afinal este foi apenas um dos cães a participar na corrida.