A campanha arranca numa altura em que a cobertura da vacinação primária completa é de 93%, sendo o grupo etário menos vacinado o das crianças entre os 5 e os 11 anos, com apenas 44%.
A vacinação de reforço está nos 66% da população elegível e a segunda dose de reforço já foi administrada a 63% dos idosos com 80 ou mais anos.
O que justifica a campanha de vacinação do outono-inverno
A autoridade de saúde considera que Portugal encontra-se numa situação epidemiológica “estável”, embora seja dominada por uma linhagem da variante Ómicron, a BA.5, de elevada transmissibilidade e com potencial para escapar ao sistema imunológico.
Além disso, os meses de outono e inverno são propícios à transmissão dos vírus respiratórios, a que se junta o facto de, com o passar do tempo, se registar uma diminuição da proteção conferida pela vacina contra a covid-19.
Perante isso, os principais objetivos para o outono e inverno passam por proteger a população mais vulnerável, prevenindo a doença grave, a hospitalização e a morte por covid-19 e por gripe.
Quando e onde vai decorrer a vacinação
A vacinação contra a covid-19 e contra a gripe inicia-se hoje, com o coordenador da logística, coronel Penha-Gonçalves, a prever que termine em 17 de dezembro.
Com uma capacidade semanal de agendamento de cerca de 280 mil pessoas, o dispositivo está distribuído por todo o território continental, através de 397 pontos de vacinação, dois terços dos quais localizados em centros de saúde e um terço em centros específicos de vacinação.
O processo vai arrancar de forma gradual, devido à chegada das vacinas ao país na véspera, hoje apenas em cerca de uma dezena de pontos de vacinação de norte a sul de Portugal continental, mas entrando em “velocidade de cruzeiro” já nos dias seguintes.
Quais as vacinas que serão utilizadas nessa campanha
Relativamente à covid-19, serão administradas as novas vacinas já adaptadas à variante Ómicron e que receberam, recentemente, “luz verde” do regulador europeu (EMA) para serem utilizadas no reforço da imunização contra o coronavírus SARS-CoV-2.
Desenvolvidas pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna, estas vacinas podem ser administradas a pessoas a partir dos 12 anos, contêm a estirpe original do vírus e a variante Ómicron e apresentam um perfil de eficácia e segurança adaptado às atuais variantes em circulação.
Podem ser vacinadas as pessoas que receberam a última dose há pelo menos três meses.
Na vacinação primária continuarão a ser utilizadas as vacinas originais e que integram o plano de nacional que se iniciou em 27 de dezembro de 2020.
Em relação à gripe, na campanha de 2022/2023 será utilizada pela primeira vez uma vacina de dose elevada, com uma composição antigénica superior à fórmula padrão, o que lhe confere uma eficácia superior.
Estas vacinas serão usadas para imunizar as pessoas mais vulneráveis, como os residentes em lares de idosos.
Quem pode ser vacinado contra a covid-19
Os primeiros a ser chamados à vacinação serão os maiores de 80 anos com comorbilidades, um processo que vai decorrer novamente de forma escalonada, por faixas etárias, avançando à medida que se esgotem os agendamentos na faixa etária mais elevada.
São elegíveis para serem vacinadas as pessoas com 60 ou mais anos de idade, os residentes e profissionais dos lares de idosos e da rede nacional de cuidados continuados, as pessoas a partir dos 12 anos com doenças de risco, as grávidas com 18 ou mais anos e doenças definidas pela Direção-Geral da Saúde e os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
Quem pode ser vacinado contra a gripe
Podem receber gratuitamente a vacina da gripe as pessoas com 65 ou mais anos, os residentes em lares de idosos e utentes da rede nacional cuidados continuados, as crianças com 6 ou mais meses com patologias crónicas, as grávidas sem limite de idade e os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
Como está situação da pandemia em Portugal
Depois da redução dos vários indicadores nas últimas semanas, a covid-19 regista agora uma “possível inversão” dessa tendência decrescente, com o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus a subir em todas as regiões do país, alertou o relatório sobre a evolução da pandemia divulgado na sexta-feira.
De acordo com o documento, o Rt apresentou um valor acima de 1 a nível nacional (1,02) e na maioria das regiões, o que indica uma “tendência crescente de novos casos” de infeção pelo SARS-CoV-2.
Quanto à ocupação hospitalar por casos de covid-19, apresentava uma tendência estável, enquanto a mortalidade específica por covid-19 registou o valor de 8,1 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes, menos de metade do limiar de 20 mortes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
Desde 03 de março de 2020, quando foram detetados os primeiros contágios, Portugal já registou mais de 5,4 milhões de casos, dos quais mais de 356 mil são suspeitas de reinfeção, que perfazem 6,6% do total.
Perante estes indicadores, a autoridade de saúde recomenda que seja mantida a vigilância da situação epidemiológica da covid-19, a manutenção das medidas de proteção individual, a vacinação de reforço e a comunicação frequente destas medidas à população.
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