O estudo de avaliação das práticas contracetivas das mulheres em Portugal, da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contraceção, analisou os hábitos contracetivos de quatro mil mulheres do país, com idades entre os 15 e os 49 anos.

De acordo com os resultados, que foram hoje apresentados no Congresso Português de Ginecologia, a decorrer em Espinho, atualmente 94% das mulheres usam um método contracetivo, um aumento de 12% quando comparado com os dados de 2005, o último inquérito realizado nesta área.

Em declarações aos jornalistas, Daniel Pereira da Silva, coordenador científico do estudo, considerou que este aumento se deve "à evolução da sociedade portuguesa" e a um "maior conhecimento, maior divulgação e maior grau de consciencialização" das mulheres.

Pílula continua a ser o método mais utilizado 

Segundo os dados deste inquérito, há atualmente uma maior tendência para o uso de métodos menos dependentes ou não dependentes da utilizadora" e apesar da pílula continuar a ser o método mais utilizado, o seu uso caiu de 62% em 2005 para 58% este ano.

Há assim um aumento do uso do DIU, do implante subcutâneo, do adesivo e do anel vaginal.

O inquérito concluiu ainda que 17% das mulheres sexualmente ativas já fez pílula de emergência, tendo em 53% casos sido aconselhada por farmacêutico ou amiga.

"A grande diferença está sobretudo nos mais jovens, onde a educação sexual nas escolas tem um papel determinante. Nos jovens tem havido um significativamente maior uso do método de contraceção", disse ainda o coordenador científico do estudo.

Em 2005, 16% das jovens, entre os 15 e os 19 anos com vida sexual ativa, não usavam qualquer método contracetivo, enquanto em 2015 este número desceu para os 6%.

O estudo demonstra ainda que "70% das adolescentes teve acesso a educação sexual" e que as fontes de informação sobre contraceção são predominantemente a internet para as mulheres mais jovens e os amigos e para as mulheres mais velhas os profissionais de saúde, mas, independentemente disso, quem aconselha o método de contraceção é maioritariamente o médico.

Daniel Pereira da Silva manifestou ainda uma preocupação relativamente ao facto de 40% das mulheres, entre os 35 e 39 anos, não fazerem qualquer consulta de planeamento familiar, o que aumenta o aumento de interrupções voluntárias da gravidez neste escalão etária.

Segundo o coordenador científico do estudo, há aqui uma questão de acessibilidade às consultas, que sendo gratuitas, tem que ser resolvida.

Dos resultados deste inquérito resulta ainda a ideia de que 80% das utilizadoras de preservativo pensam em contraceção e prevenção de infeções sexualmente transmissíveis e que em 81% das mulheres a qualidade de vida melhorou com o uso de contraceção.