Apenas uma em cada cinco jovens que utiliza a pílula "nunca" se esquece de a tomar, revela um estudo nacional, que alerta para a elevada percentagem de mulheres em risco de gravidezes não-desejadas.

O “Inquérito Sobre Saúde Sexual e Reprodutiva dos Jovens Universitários” foi levado a cabo em 15 universidades, durante o mês de janeiro.

A Associação para o Planeamento da Família (APF) divulgou hoje os resultados dos 2741 inquéritos que indicam que dois em cada três jovens (64%) usam apenas um método contracetivo: o preservativo aparece em primeiro lugar (49%), seguido da pílula (38%).

No entanto, “apesar da pílula ser um dos métodos contracetivos mais referenciado, cerca de 76% das utilizadoras reconhecem esquecer a sua toma, expondo-se a uma gravidez não-desejada”, refere o estudo que entrevistou jovens com uma media de idades que rondava os 21 anos.

“Apenas 1/5 das estudantes, atualmente a tomar a pílula, declara nunca se esquecer de a tomar, existindo desta forma uma elevada percentagem de utilizadoras em risco de gravidez indesejada/não planeada”, lê-se no estudo divulgado na véspera do Dia Europeu da Saúde Sexual.

Seis por cento das universitárias dizem que se esquecem pelo menos uma vez por mês de tomar a pílula, sendo que 4,8% admitiu mesmo esquecer-se “muitas vezes”, refere o estudo que nestas questões em concreto teve por base 939 respostas.

No total, apenas 5% diz não usar qualquer método contracetivo, apesar de 18% dos inquiridos não responder qual a forma de contraceção que usa. São muito poucos (2%) os que desconhecem que nos centros de saúde são disponibilizados gratuitamente métodos contracetivos.

Os investigadores perceberam ainda que a predisposição da população universitária para a utilização de métodos alternativos de contraceção está diretamente dependente do conhecimento que têm sobre os mesmos.

Na véspera do Dia dos Namorados, o estudo revela que a maior parte dos estudantes só refere três a cinco métodos contracetivos, sendo que os estudantes do Norte conhecem menos alternativas na contraceção em relação ao Sul. Os métodos mais referidos continuam a ser o preservativo masculino, pílula e os dispositivos ou sistemas intrauterinos.

No entanto, o conhecimento de alternativas aos métodos convencionais (preservativo e pílula) é amplamente mais reduzido: o anel vaginal, em conjunto com outras opções, é referenciado somente por 30% dos estudantes.

Somente 0,5% referiu utilizar o anel vaginal, sendo que quase metade (48%) dos jovens desconhecia que este era um método contracetivo hormonal que se introduz na vagina com um período de atuação de três semanas.

O desconhecimento dos jovens sobre a saúde sexual e reprodutiva verifica-se quando quase metade dos jovens (46%) afirma desconhecer que o 1.º dia de um ciclo corresponde ao 1.º dia da menstruação e 49% acredita que a infeção sexualmente transmissível Clamídia é uma simples infeção urinária.

“Apesar de uma percentagem baixa, não deixa de ser preocupante que 4,3% dos estudantes considerarem como 'verdadeiro'" o pressuposto de que “só homossexuais, prostitutas e toxicodependentes podem ser infectados pelo HIV/SIDA”, refere ainda o estudo a que a Lusa teve acesso.

Lembrando que o grupo de pessoas inquiridas se trata de jovens universitários com “acesso privilegiado à informação”, os investigadores consideram que “existe ainda um longo caminho a percorrer no esclarecimento e na informação desta população”.

13 de fevereiro de 2012

@Lusa