9 de setembro de 2013 - 14h28

O coordenador do Grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia disse hoje que cerca de 20% das crianças em idade escolar têm algum défice da função visual capaz de interferir com o rendimento escolar.

No início do ano letivo, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia alerta para “a importância da deteção precoce dos problemas visuais das crianças através de rastreios que devem ser feitos, pelo menos, a partir dos 3/4 anos”.

Segundo Paulo Vale, coordenador do Grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO, “as doenças dos olhos que mais afetam as crianças são os erros refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo), a ambliopia e o estrabismo. Estima-se que cerca de 20% das crianças em idade escolar tenham algum défice de função visual provocado por uma destas patologias (ou outras menos frequentes)”.

“Um dos sinais mais habituais de problemas na visão é a dificuldade na leitura. Embora algumas crianças se queixem da sua dificuldade, muitas não o fazem, pelo que deve ser o educador (pais ou professor) a estar atento”, afirma Paulo Vale.

Refere ainda que a lentidão ou rejeição das tarefas que exigem esforço visual, o fechar ou tapar um dos olhos e os erros a copiar do quadro são sinais de alerta e que dores de cabeça, náuseas, olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes, estrabismo e fotofobia (dificuldade em suportar a luz) são sintomas que não devem ser ignorados.

O especialista considera que é “fundamental realizar um primeiro rastreio por volta dos 3/4 anos, pois nesta idade já é possível contar com a colaboração da criança e o procedimento acaba por ter uma boa relação preço-eficácia. No entanto, o ideal é realizar um rastreio entre os 12 e os 18 meses, que permite detetar e corrigir fatores ambiogénicos e que só pode ser realizado por oftalmologistas”.

Sobre a forma como a utilização de computadores e outros dispositivos eletrónicos podem influenciar a função visual, Paulo Vale explica que “não existem estudos científicos que comprovem a ideia de que os computadores em si provocam e/ou aumentam a miopia”

Contudo, admitiu que é provável que um número exagerado de horas a ler ou ao computador, ou seja, exercitando prolongadamente a visão de perto, possa constituir “um fator ambiental suscetível de fazer despertar genes ligados à miopia”.

Para promover a saúde visual, o especialista em oftalmologia pediátrica recomenda que os pais e educadores “providenciem a iluminação, cadeira e secretária adequadas para tarefas de leitura, corrigindo posições erradas (como ler deitado de barriga para baixo) e certificando-se de que a distância de leitura é de 30 a 40 centímetros”.

É também fundamental “a realização de pausas e verificar a posição dos monitores do computador e da televisão, evitando reflexos. No computador os olhos devem estar a um nível superior (15 a 20º) do centro do monitor e a distância da televisão deve ser cinco vezes a largura do ecrã”, acrescenta.

Lusa