“Há 17 feridos confirmados entre os funcionários do hospital”, revelou Pavlo Kirilenko, fonte oficial regional, citado pela agência France Presse (AFP).

Segundo o primeiro relatório deste ataque aéreo russo à cidade portuária no sudeste da Ucrânia, não há crianças entre os feridos e “nenhuma morte”.

A mesma fonte tinha divulgado na sua página na rede social Facebook, minutos antes, que “instantaneamente tudo ficou destruído” após o ataque russo.

Também o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou o ataque aéreo russo contra aquelas instalações em Mariupol e apelou novamente ao encerramento do espaço aéreo ucraniano.

“Ataque direto das tropas russas a maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. A atrocidade! Quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já”, escreveu Zelensky no Twitter.

No vídeo divulgado pela presidência ucraniana, vê-se o interior dos edifícios destruídos, com destroços, folhas de papel e pedaços de vidro espalhados pelo chão.

Noutro registo em vídeo, mas com imagens de fora dos edifícios, divulgado pela polícia nacional, divulgado no Facebook, aparecem vários carros carbonizados e uma cratera de um rebentamento.

Cerca de 1.300 habitantes desta cidade ucraniana já morreram em bombardeamentos e ataques das forças russas desde o início da invasão, revelou também hoje o vice-presidente da Câmara, Piotr Andriushchenko.

“Durante o período de bloqueio e genocídio da Federação Russa, já morreram 1.300 habitantes da cidade. Lutaremos por cada um deles”, assegurou o autarca na sua página no Facebook, divulgando dados preliminares.

Piotr Andriushchenko alertou que as forças russas “começaram a usar ativamente o bombardeamento aéreo” e que “deixaram de esconder o seu objetivo de destruir totalmente a cidade.

Cerca de 300.000 civis estão ‘presos’ há vários dias devido aos combates no porto estratégico de Mariupol, no mar de Azov, ficando privados de água, alimentos, eletricidade e ajuda humanitária.

Apesar de tudo, a Ucrânia abriu hoje seis corredores humanitários para a retirada de civis, depois de ter conseguido um cessar-fogo com o Governo russo nessas zonas, incluindo a de Mariupol e Zaporizhzhia.???????

O ataque aéreo ao hospital pediátrico levou também a uma reação rápida por parte da comunidade internacional, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson a denunciar um ataque “imoral”, e a ONU a lembrar que nenhuma unidade de saúde “deve ser um alvo”.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, acrescentou que quer esta organização, quer a OMS, pediram e continuam a pedir “o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias”.

Também a Casa Branca reagiu contra o uso “bárbaro” de força contra “civis inocentes num país soberano”, referiu a porta-voz da administração do Presidente norte-americano, Jen Psaki.

Na Ucrânia, Liudmyla Denisova, responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano, denunciou através do Telegram “um exemplo de crime contra a humanidade e genocídio contra o povo ucraniano”.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, lamentou a “barbárie” do Exército russo, e voltou a implorar ao Ocidente a entrega “agora” de aviões, pedido que tem sido repetido nos últimos dias por Kiev para enfrentar a crise.

A Câmara Municipal de Mariupol, cidade sitiada pelas tropas russas há vários dias, também comunicou através das redes sociais que os danos foram “colossais”.

Pelo menos 19 ataques foram realizados contra unidades de saúde, pessoal médico e ambulâncias, causando a morte a pelo menos dez pessoas, desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.