O termo médico para as dores menstruais é dismenorreia, e ainda que, na maioria dos casos, não seja reflexo de doença, por vezes pode ser um sintoma secundário de outros distúrbios ginecológicos (como a endometriose ou a adenomiose).

De acordo com alguns estudos, esta condição parece afetar entre 45 a 93% da população feminina. Desta, 3 a 33% tem sintomas incapacitantes, que duram entre um a três dias de cada ciclo menstrual e impedem as suas atividades quotidianas. Dependendo da intensidade da dor pélvica, podem surgir outros sintomas associados, como náuseas, vómitos, diarreia, fadiga, febre, enxaquecas e insónias.

Na origem da dismenorreia está a produção excessiva de prostaglandinas, um tipo de químicos responsáveis pela regulação dos níveis de inflamação, o que resulta num aumento do tónus e da intensidade das contrações do útero.

Dependendo da intensidade da dor, podem surgir outros sintomas associados, como náuseas, vómitos, diarreia, febre, fadiga, enxaquecas e insónias.

Quando existem alterações hormonais, como níveis baixos de progesterona, a intensidade dos sintomas também parece ser maior. Por outro lado, mulheres com quadros de depressão e ansiedade parecem apresentar queixas mais frequentes de dores menstruais. Nos casos mais graves e incapacitantes, que não desaparecem com a toma de anti-inflamatórios ou com o uso de contracetivos orais, pode haver outra condição de saúde subjacente, como a endometriose e adenomiose, que necessita de tratamento médico apropriado.

Como reduzir o desconforto?

Um dos substratos de maior relevância no combate à dismenorreia é o Óleo de onagra, sendo que existem também outras opções que podem ser igualmente úteis, tais como, as que destacadas abaixo.

Óleo de onagra

A Oenothera biennis (evening primrose, em inglês) é uma planta caracterizada pelas suas flores de cor amarela que apenas se abrem à noite e, de cujas sementes se extrai o óleo utilizado medicinalmente. O óleo de onagra é constituído essencialmente por ácido linoleico (cerca de 70%) e por ácido gama-linolénico ou GLA, (entre 7 % a 10%). Vários estudos indicam que o GLA apresenta um papel indispensável no organismo como percursor químico das prostaglandinas. Neste sentido, esta planta é útil em certas mastodinias (mamas dolorosas e inchadas e mastopatia fibroquística), assim como, na prevenção e alívio de sintomas de tensão pré-menstrual e da menopausa.

Dong quai

A Angélica-Chinesa (Angelica sinensis) é uma planta tradicionalmente utilizada na medicina popular chinesa pelos seus benefícios a nível ginecológico. Esta planta tem demonstrado um efeito relevante na redução de sintomas pré-menstruais e da menopausa, como dores e cólicas menstruais, dores de cabeça, tensão nervosa, menstruação irregular, tensão mamária, entre outros.

Magnésio

Este mineral é necessário para o funcionamento saudável dos músculos e do sistema nervoso, entre outras funções. Sabe-se que, na altura que antecede a menstruação, existe uma diminuição acentuada dos níveis de magnésio no organismo. Motivo pelo qual se pensa que as contrações neuromusculares sejam mais fortes durante a fase pré-menstrual e menstrual. Não é, por isso, de admirar que um estudo de revisão tenha encontrado uma ligação entre a suplementação com magnésio e o alívio das dores menstruais em voluntárias humanas. Os investigadores perceberam também que a importância deste mineral, no contexto analisado, estava relacionada com o seu efeito sobre a redução dos níveis de prostaglandinas pró-inflamatórias.

Vitamina B6

Como vitamina hidrossolúvel, intervém numa multiplicidade de funções no organismo, que vão desde o metabolismo de hidratos de carbono, proteínas e lípidos até à produção de neurotransmissores, entre outros. Alguns estudos revelaram que a suplementação com vitamina B6 tem um impacto positivo sobre a diminuição da dismenorreia, ao potenciar os efeitos do magnésio no organismo e ao produzir prostaglandinas com efeito anti-inflamatório.

Ómega-3

Este ácido gordo essencial, assim designado porque o nosso corpo não o consegue produzir, desempenha várias funções no organismo envolvidas na proteção cardiovascular. Um dos aspetos mais importantes passa por contrariar o impacto negativo dos ómega-6, que estimulam a produção de prostaglandinas com efeito principalmente pró-inflamatório. Por este motivo, algumas investigações demonstram que a suplementação com ómega-3 foi mais eficaz a reduzir os sintomas de dor, num grupo de mulheres com dismenorreia, em comparação com um placebo.

Fontes Alimentares dos Nutrientes

Magnésio

Sementes no geral, amêndoas, caju, amendoim, feijão-mungo, soja, trigo-sarraceno, centeio, gérmen de trigo, farelo de trigo, quinoa, bulgur, cacau, banana, abacate.

Vitamina B6

Cereais de pequeno-almoço fortificados, soja, pistácios, gérmen de trigo, farelo de trigo, batatas, espinafres, sementes de girassol, atum, banana, grão.

Ómega-3

Óleo de linhaça, óleo de fígado de bacalhau, óleo de gérmen de trigo, salmão, atum, sardinhas, sementes de chia, nozes.

Um artigo do médico Pedro Lôbo do Vale, especialista em Medicina Geral e Familiar.