Os cuidados de rosto, de corpo, de mãos ou de pés, podem ser extremamente úteis num estabelecimento de hidroterapia.

De facto, desde os tempos mais remotos que a água tem constituído, para sucessivas civilizações, um meio privilegiado de tratamento. Todos estamos conscientes da sua importância, da sua qualidade e da sua correta gestão e utilização.

A água é um bem essencial à vida e por isso algo verdadeiramente precioso. Todos nós, seres humanos, fomos gerados em meio essencialmente “aquático” (líquido amniótico) sendo o nosso organismo composto por água em cerca de dois terços.

Não é, pois, de admirar que desde a antiguidade o Homem tenha procurado na água tratamento para os seus males, meio de higienização e salubridade, fator de atividade lúdica e social ou até mesmo símbolo de purificação.

Cada civilização incorporou na sua cultura a utilização material (ou esotérica) de água, segundo padrões próprios, refletindo diferentes hábitos ou diferentes perspetivas de cada povo. Recorde-se os indianos banhando-se no Rio Ganges, os finlandeses nas suas saunas, os banhos turcos, as banjas russas ou as termas romanas…

Mas, além, desta utilização ancestral e empírica da água existem, sistematizados, princípios científicos que hoje norteiam a utilização terapêutica da água.

Será útil definir o significado de alguns termos muito em voga, referentes às diversas formas de tratamento pela água. Assim, a hidroterapia será o termo por que designamos o tratamento pela água de uma forma geral.

Quando utilizamos água do mar ou produtos marinhos falamos de talassoterapia. A terapia com água termal é designada por crenoterapia.

Características da água

A ação terapêutica da água baseia-se em princípios e ordem física e da natureza química dos elementos dissolvidos ou em suspensão. Quanto aos princípios de natureza física, salienta-se a temperatura, a pressão hidrostática, a impulsão e os efeitos hidrodinâmicos.

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Exemplificando, todos temos a noção que é diferente tomar um banho quente ou um banho frio. É diferente a pressão no fundo de uma piscina ou próximo da superfície. Sentimos maior impulsão (maior descarga) quanto mais imerso estiver o nosso corpo.

É também diferente um banho de água parada de uma hidromassagem (efeito hidrodinâmico). No que se refere aos princípios químicos, os efeitos dos diversos solutos ou elementos em suspensão é bastante variável. Por exemplo: uma água contendo sílica pode ter o efeito de um verdadeiro peeling. Água sulfurosas podem, igualmente, ser utilizadas em problemas de pele, mucosas (nomeadamente problemas respiratórios) ou do aparelho locomotor.

A indicação de cuidados hidroterápicos (banhos, duches, abluções, hidroginástica, etc.) deve obedecer a critérios corretos relacionados com as características de cada indivíduo em particular (idade, sexo, constituição física, estado geral de saúde, problema específico a tratar).

Cada caso pode merecer uma orientação diferente. Assim, há múltiplas situações de indicação para tratamento termal, devendo sublinhar-se a riqueza de Portugal neste âmbito. Outras situações beneficiarão da talassoterapia e muitas outras de frequência regular a espaços urbanos que disponham de hidroterapia.

Cuidados a ter

Embora não frequentes, existem casos em que estão contraindicados ou limitados alguns dos tratamentos hidroterápicos. Por exemplo, verificando-se a existência de varizes, a imersão prolongada em água muito quente pode levar ao aparecimento de flebites.

Em situações febris, de doença aguda ou crónica agudizada, debelidade geral ou caquexia, cancro e ainda na presença de psicoses estes tratamentos estão contraindicados. É de ter em atenção que práticas hidrológicas coletivas em piscina exigem condições de saúde particulares, nomeadamente do foro cardiovascular, inexistência de doença infeciosa, risco de contágio ou de contaminação, etc.

As instalações hidroterápicas devem merecer cuidados rigorosos na montagem dos equipamentos na sua manutenção, controlo de qualidade e de higienização. Por isso, vale a pena recorrer a técnicos especializados e experientes.

Fotografia: Clarins
Fonte: Pedro Cantista, médico especialista em Fisiatria